A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu nova frente de investigação no inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura supostos repasses da Odebrecht para o grupo do MDB liderado pelo presidente Michel Temer e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência). A pedido da procuradora-geral Raquel Dodge, o ministro relator, Edson Fachin, em despacho sigiloso no dia 13, autorizou a inclusão de todos os anexos e documentos relacionados ao termo de depoimento número 5 da colaboração premiada do doleiro Lúcio Funaro, em que o delator acusa Temer de ter sido destinatário de propina da Odebrecht.
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Contra o fantasma da prisão da Lava-Jato, índios 'fecham o corpo' de Lula'Não é improvável, mas ainda não decidi', diz Temer sobre candidaturaRosa Weber quebra sigilo bancário da campanha do líder de Temer no CongressoJanot diz que indulto de Temer é 'movimento do Governo contra a Lava Jato'Barroso autoriza novo inquérito contra Temer e Rocha Loures por corrupção e lavagemPGR pede inclusão de Funaro em inquérito que investiga o presidente Michel TemerLúcio Funaro entrega à PGR documentos sobre repasses ao MDBEdson Fachin diz que família está sendo ameaçadaNo termo de depoimento agora juntado ao inquérito, Lúcio Funaro descreve sua relação com o presidente Michel Temer e afirma que o atual presidente da República, quando era vice, dividiu propina da Odebrecht com o ex-deputado federal Geddel Cunha Lima (MDB-BA), ex-homem forte do governo Temer. O delator afirmou ter buscado R$ 1 milhão em espécie, supostamente pagos pela empreiteira, no escritório do advogado José Yunes, amigo de Temer. Relatou também ter mandado a quantia para Geddel, na Bahia.
Segundo Funaro, dirigentes da Odebrecht usaram o doleiro Álvaro Novis para fazer com que os valores destinados a Temer chegassem a Yunes. O delator contou que, na ocasião, recebeu um telefonema de Geddel pedindo que retirasse R$ 1 milhão com José Yunes, a ser entregue em Salvador. Geddel lhe teria dito que esse dinheiro era referente a uma doação via caixa 2 da Odebrecht, acertada juntamente com Eliseu Padilha e Michel Temer.
Ao narrar o recebimento do R$ 1 milhão, Funaro disse que se dirigiu ao escritório de Yunes, no Itaim Bibi, em São Paulo, e que no local, após uma conversa com o advogado amigo de Temer, na qual teriam trocado cartões, uma caixa com a quantia acertada teria sido repassada pela secretária e o motorista de Yunes.
Funaro, então, disse que retornou com os valores até o seu escritório e pediu para que um funcionário fosse até a Bahia levar a encomenda para Geddel.
A defesa do presidente Michel Temer disse que só se manifestará quando tiver acesso à decisão. A defesa do ministro Eliseu Padilha negou irregularidades. "A menção indireta e genérica ao nome do Ministro apenas deixa claro que não existe participação de sua pessoa em qualquer dos fatos investigados pela Operação Lavajato", disse o advogado Daniel Gerber. Procurado por meio da assessoria de imprensa, o ministro Moreira Franco não se manifestou.
(Breno Pires).