Brasília - Pré-candidato à Presidência da República com discurso de independência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem participado de eventos promovidos pelo governo do presidente Michel Temer (MDB) nos Estados. A atitude contraria discurso do parlamentar fluminense, que, ao lançar sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto, em 8 de março, fez questão de afirmar que não está "disposto" a ser candidato para defender o legado do emedebista.
O evento foi no Palácio Guanabara, sede do governo estadual, e liderado pelo ministro das Cidades, Alexandre Baldy (PP), um dos principais aliados de Maia. Com as presenças do governador Luiz Fernando Pezão (MDB) e do presidente da Caixa, Gilberto Occhi, Maia fez um rápido discurso. Disse esperar que as obras comecem o mais rápido possível para que o "sonho da casa própria não vire pesadelo".
Em 10 de março, um sábado, o presidente da Câmara integrou comitiva de ministros que visitaram Petrópolis, no interior do Rio, para acompanhar ações de assistência às vítimas das chuvas na região. Ele esteve na região ao lado dos ministros da Integração Nacional, Helder Barbalho, e do Esporte, Leonardo Picciani, ambos do MDB e próximos do presidente da Câmara. Nesse caso, registrou o evento na agenda.
"Você acha que não devo visitar o Rio? Não devo olhar o meu Estado, que é o terceiro maior colégio eleitoral do Brasil?", rebateu Maia ao Estadão/Broadcast. Ele disse que, embora não tenha colocado o evento do Ministério das Cidades na agenda, avisou à imprensa que participaria da cerimônia. "Não sou candidato no Rio. Estava no almoço, e Baldy chamou para o evento, e eu fui, pois é meu Estado".
As cerimônias, porém, não se restringiram ao Rio. Em janeiro, quando já atuava como pré-candidato, o presidente da Câmara participou em Vitória (ES) de solenidade para anunciar a liberação de R$ 36,4 milhões para melhoria da educação no Estado. O evento foi promovido pelo ministro da Educação, Mendonça Filho, que é do DEM, e teve participação do governador capixaba, Paulo Hartung (MDB), também próximo de Maia.
Para o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (MDB), embora adote discurso de independência, Maia se beneficiará das ações de Temer, pois é de um partido da base aliada. Maia disse que não vê nenhum problema em participar dos eventos. "Defendo as coisas que acredito", disse.