Mais confronto e hostilidade no segundo dia da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo Sul do Brasil. Manifestantes contrários ao petista seguiram o caminhão de Lula e bloquearam com carros o acesso a Santa Maria (RS), destino da caravana que vai percorrer três estados da região até o próximo dia 28, em Curitiba, reduto do juiz federal Sérgio Moro, à frente da Operação Lava-Jato. Foi necessário reforço da polícia, além de escolta da caravana por viaturas e helicóptero.
Houve início de briga entre apoiadores e manifestantes contrários a Lula assim que o ex-presidente chegou à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A visita foi acompanhada da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Na universidade, ele foi recebido sob gritos de “Lula, guerreiro, do povo brasileiro”. Mas, ao chegar um grupo crítico ao petista, o clima esquentou, com agressões. O Batalhão de Operações Especiais (BOE) precisou agir.
A caravana de Lula, que é pré-candidato à Presidência da República, ao Sul do país ocorre no mesmo momento em que o processo que pode levar o ex-presidente à prisão chega às mãos do desembargador João Pedro Gerbran Neto, da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal (TRF-4) para julgamento, situado no Rio Grande do Sul. O recurso foi concluso para despacho do magistrado ontem.
As especulações são que o caso já entra em julgamento na próxima segunda-feira, dia 26, mas o TRF4 disse ainda não ter confirmação da data em que o processo entra na pauta. Lula foi condenado a 12 anos e um mês de prisão pelo TRF-4, que determinou o cumprimento da sentença de imediato. Para que o mandado seja expedido, no entanto, é preciso que os embargos do processo sejam julgados.
Em sua visita à cidade de Bagé (RS), ontem, ruralistas e defensores do deputado federal Jair Bolsonaro bloquearam com tratores a passagem de Lula, que teve que mudar de caminho para conseguir chegar à Universidade Federal dos Pampas (Unipampa). Ele foi chamado de ladrão e teve um boneco com sua caricatura vestido de presidiário dentro de uma cela dependurada em um guincho.
Direita
“Saio triste daqui. Porque não vi empresário ofendendo a gente. O que vi aqui foram pobres e trabalhadores que, às vezes, estão até desempregados ganhando alguma coisa para ofender a gente”, disse o ex-presidente. “Não esperava que nossa passagem por Bagé fizesse com que a direita fascista reclamasse junto ao Ministério Público que eu não pudesse fazer ato na universidade”, disse.
Quando conseguiu chegar à universidade, Lula foi recebido por alunos e professores que apoiam sua candidatura. Entre os destaques da caravana, na segunda-feira, foi o encontro de Lula com os ex-presidentes do Uruguai, Pepe Mujica, e do Equador, Rafael Correa, em Santa do Livramento, na fronteira com o Uruguai. Dilma também participou do evento.