Brasília – A pouco mais de seis meses de uma eleição com dinheiro limitado – só poderão ser usados recursos dos fundos eleitoral e partidário –, tempo reduzido e no meio de uma crise que desanima o eleitorado, os candidatos ao Planalto sabem que é fundamental espalhar o maior número de aliados nas disputas estaduais para garantir palanques para pedir votos. A pulverização está tão grande que tem palanques duplos e até triplos nas unidades da Federação.
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Em clima de 'Lula livre', PT define chapa paulista em encontroProtestos antecipam fim de caravana no RS e Lula diz que petistas vão 'retribuir'Geddel cita julgamento de Lula e pede ao STF para ser soltoMaioria das legendas tem balanço reprovado por TSERede Sustentabilidade prepara ofensiva para ganhar mais tempo na TVDescrença no sistema democrático expõe país ao risco do autoritarismoInterlocutores do partido acreditam que a legenda sempre pode ter alguma força em São Paulo, embora o nome escolhido para concorrer ao governo tenha alcance limitado: o ex-prefeito de São Bernardo Luiz Marinho. Como vários outros postulantes ao Planalto, o PT enfrentará, no Ceará, o drama de um palanque duplo, que poderá ser até triplo. Grande favorito à reeleição, o petista Camilo Santana tem o apoio explícito do pré-candidato do PDT ao Planalto, Ciro Gomes. E ainda terá na chapa Eunício Oliveira, do MDB. Presidente do Senado e candidato à reeleição, Eunício poderá ficar em saia justa se a legenda lançar, de fato, o presidente Michel Temer como candidato à reeleição.
Os tucanos, que se acostumaram a polarizar com os petistas nos últimos anos as disputas presidenciais, têm, no papel, um número mais amplo de palanques, mas com uma série de ressalvas e asteriscos que podem contaminar as alianças políticas. No Sudeste, por exemplo, o PSDB tem alianças instáveis.
Em Minas Gerais, o partido viu-se obrigado a implorar pela pré-candidatura do senador Antonio Anastasia, que já governou o estado. No Rio, pode se animar caso consiga a filiação do ex-prefeito Eduardo Paes. Mas este conversa com o PP, de Ciro Nogueira, e até mesmo com o PR, de Valdemar Costa Neto. Na Bahia, quarto maior colégio eleitoral do país, terá de apoiar o nome do DEM, ACM Neto – que se tornou presidente do partido e lançou Rodrigo Maia ao Planalto. E no Distrito Federal, o deputado Izalci Lucas sonha com o Buriti, mas a atual secretária de Projetos Estratégicos do GDF, Maria de Lourdes Abadia, que apoiar a reeleição do governador Rodrigo Rollemberg.
Variáveis Apesar de, até o momento, ter apenas 1% das intenções de voto nas pesquisas, Rodrigo Maia (RJ) deu declarações contundentes em entrevista recente de que não abrirá mão de concorrer ao Planalto.
Já o nome mais forte da esquerda caso Lula de fato fique fora da cédula presidencial, o ex-ministro Ciro Gomes tem algumas situações confortáveis e outros palanques a construir. No Distrito Federal, ele contará com o apoio do atual presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle. No Rio, apostando no discurso acirrado da segurança pública, o partido vai lançar a ex-chefe da Polícia Civil fluminense Martha Rocha.
O PDT, contudo, não escapou dos palanques duplos. Em Minas Gerais, o pré-candidato do PSB ao governo, Márcio Lacerda, pode ter uma aproximação com os pedetistas por ter sido secretário-executivo de Ciro Gomes no Ministério da Integração Nacional. No Ceará, Ciro terá o palanque duplo – ou triplo – do petista Camilo Santana.
Esse cenário ainda tem três elementos a serem considerados. O primeiro deles é que o segundo colocado nas pesquisas, o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), tem viajado o país com apoio popular mas ainda não viabilizou um palanque próprio. Há ainda o suspense em torno das possíveis candidaturas do presidente Michel Temer — cada vez mais tentado a buscar a reeleição — e do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, que poderá se filiar ao PSB ao longo desta semana..