Brasília – Em uma semana espremida pelo feriado da semana santa, que costuma baixar substancialmente o número de parlamentares no Congresso, temas áridos como a votação de um projeto para crimes relacionados à pirataria e a criação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) precisam ser vistos com cautela pelo Legislativo. Prevendo a falta de quórum, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pediu prioridade na instalação das 25 comissões técnicas. Além de suas funções normais, os colegiados são tratados como trunfo em ano eleitoral e podem fortalecer os candidatos que os presidirem.
Leia Mais
Maia comunica à Câmara que permitirá tramitação de PECs, mas sem votaçãoCâmara investiga servidor quer teria dado desfalque na previdência dos deputados'Independente', Maia pega carona em ações do governoJudiciário emenda o feriado com base em lei da época da ditaduraO deputado acredita que a votação do Susp deverá ser remarcada, assim como o debate envolvendo a pirataria.
José Rocha (PR-BA) também promete que estará na Câmara durante este período. “Temos bastante coisa para resolver. Acredito que as comissões têm seu papel, mas o resto não pode ficar para depois.” Integrantes de gabinetes tucanos e do MDB, no entanto, foram avisados de que “pouca gente deve vir para Brasília nos próximos dias”. Disseram ao Estado de Minas que os parlamentares “até desmarcaram compromissos”, e que, “se alguém aparecer, é por causa da audiência pública marcada com a (procuradora-geral da República, Raquel) Dodge”. A solenidade será às 14h30 de amanhã, no plenário. O debate é sobre licitações e, provavelmente, terá contornos sobre a corrupção no país.
Pauta econômica Mesmo com a semana parada, os parlamentares defendem a necessidade de votação de algumas matérias importantes, principalmente as econômicas.
Os recursos serão usados para compensar os gastos do Executivo com o novo Ministério da Segurança Pública e com a intervenção no Rio de Janeiro. “É um consenso de que a matéria precisa ir para votação e pode ocorrer a partir de amanhã”, defende Manente.
O líder do PRB, deputado Celso Russomanno (SP), também alega que a proposta sobre o cadastro positivo precisa ser votada nesta semana. O texto amplia o acesso dos bancos a informações de crédito e inadimplência dos consumidores, permitindo o compartilhamento de dados entre as instituições. “Agora que há o acordo de que não será possível quebrar o sigilo financeiro (do cliente), será possível votar o projeto. Chegamos num consenso e provavelmente será apreciado nesta semana”, avalia o parlamentar. O Banco Central busca, com o projeto, melhorar as condições de financiamento e aumentar a competição entre as empresas.
Segurança na pauta do plenário
Brasília – Tratado como prioridade do Congresso Nacional neste ano, o Projeto de Lei 3.734/12, que cria o Sistema Único de Segurança Pública, está na pauta da Câmara e pode até ser apreciado esta semana se houver quórum. A proposta tem o objetivo de integrar e tornar mais eficaz a ação dos órgãos de segurança e defesa social.
De acordo com o projeto de lei, a criação do Susp tem a finalidade de proteger as pessoas e seu patrimônio, por meio da atuação conjunta, coordenada, sistêmica e integrada. O texto estabelece como integrantes operacionais do Susp a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal, as polícias civis, as polícias militares, os corpos debombeiros militares, as guardas municipais, os agentes penitenciários, os agentes socioeducativos e os peritos.
Segundo o relator da proposta, o projeto traz diretrizes e não deve gerar novas despesas para os cofres públicos. No entanto, o texto prevê que a União implemente um sistema padronizado, informatizado e seguro que permita o intercâmbio de informações entre os integrantes do Susp. Pelo texto, os sistemas estaduais, distrital e municipais serão responsáveis pela adoção dos respectivos programas, ações e projetos de segurança pública, com liberdade de organização e funcionamento.
Coordenação O funcionamento do Susp envolve operações combinadas, planejadas e desencadeadas em equipe, além de estratégias comuns para atuação na prevenção e controle de crimes. O texto também estabelece a aceitação mútua dos registros de ocorrências e dos procedimentos de apurações, e o compartilhamento de informações, inclusive com o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin). A integração também prevê a unificação da utilização de métodos e processos científicos em investigações.
O PL estabelece que o Ministério da Segurança Pública fixará, anualmente, metas de desempenho e usará indicadores para avaliar os resultados das operações. O texto define ainda a criação de conselhos para “propor diretrizes para as políticas públicas de segurança pública e defesa social, considerando a prevenção e a repressão da violência e da criminalidade”.
.