A popularização do uso de moedas virtuais no Brasil tem potencial para alavancar o mercado financeiro nacional e fazer com que o país acompanhe as novidades do setor a nível global. Mas, por outro lado, esse tipo de serviço cria um grande desafio para as autoridades que atuam no combate à corrupção. A complexidade dos sistemas utilizados para produzir moedas virtuais, e a proteção, utilizada para garantir a isonomia das transações, pode servir como uma ferramenta perfeita para quem pretende lavar dinheiro ou esconder o verdadeiro patrimônio dos órgãos públicos.
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Investidor vê moeda virtual com cautela e 'testa' novidadeTransações com moeda virtual devem ser declaradasOperações fraudulentas por meio de moedas virtuais podem estar ocorrendo neste momento. O sistema atrai criminosos por ser mais difícil de rastrear que os métodos tradicionais. Operações usando contas bancárias no Brasil ou no exterior precisam do intermédio de uma instituição financeira, reconhecida pelo governo brasileiro ou do país em que esteja instalada.
O bitcoin utiliza a criptografia P2P, ou seja, de ponta a ponta, onde só quem tem acesso às informações são os envolvidos na transação. É a mesma tecnologia utilizada por aplicativos de comunicação, como o WhatsApp.
O especialista alerta que até mesmo grupos terroristas utilizam o sistema para receber recursos. “Já existem sérios indícios de que o grupo terrorista Isis, por exemplo, já efetivou transferências e recebeu doações. Em tese, tendo em vista o anonimato, a falta de órgão centralizador e a alta e complexa tecnologia, existe grande possibilidade para que a criptomoeda possa ser usada mais facilmente para lavagem de dinheiro e outros atos ilícitos”, completa.
Deepweb
Além da internet comum, essa em que você acessa as redes sociais, sites de streaming de vídeo e portais de notícias, existe uma camada mais profunda, onde só é possível entrar por meio de endereços direcionais. Por lá também ocorrem transações com moedas virtuais. Nesse espaço é mais difícil localizar quem esteja movimentando dinheiro e saber o fluxo dos recursos.
Mesmo com um espaço de armazenamento possivelmente menor que a internet comum, a chamada deepweb (internet profunda) reúne milhões de usuários no Brasil.
A mudança ocorre por conta da popularização do bitcoin e o alto custo das transações em decorrência da alta valorização da moeda. O levantamento analisou mais de 150 dos maiores mercados e fóruns da deepweb. Apesar das facilidades para o crime, a maior parte dos investidores em moedas virtuais utiliza o serviço de maneira adequada, sem infringir leis e regras monetárias. O professor Geraldo Marques, especialista em criptomoeda, afirma que um maior controle pode garantir tanto a segurança de todos os envolvidos quanto o cumprimento da legislação. “Como não existe uma instituição financeira que regulamenta, acaba sendo possível fraudar as regras. Mas isso não aumenta o volume de transações ilegais, lavagem de dinheiro. O bitcoin não é uma ferramenta para se lavar dinheiro. Mas é usada para isso por criminosos. A solução seria regulamentar.
Como funciona
» Computadores com alta capacidade de processamento
quebram códigos criptografados e produzem as moedas virtuais, como o bitcoin
» Esse processo é chamado de mineração. No Brasil mais de
1 milhão de pessoas realizam operações envolvendo bitcoin
» Até o momento, a Polícia Federal identificou duas organizações criminosas que usavam bitcoin para lavar dinheiro
» No exterior, essa prática também já foi identificada em países como Estados Unidos e Rússia
» Apesar da falta de controle, especialistas afirmam que esse
tipo de transação pode ser realizada de maneira segura e deve crescer muito nos próximos anos.