A prisão do ex-presidente Lula, determinada nesta quinta-feira pelo juiz Sérgio Moro, não é a primeira que o petista tem que enfrentar em sua trajetória política. Em abril de 1980, antes mesmo da fundação do Partido dos Trabalhadores, Lula também foi preso por liderar de uma greve dos trabalhadores no ABC Paulista. Na época, período da ditadura militar no país, ele foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional (LSN) e passou 31 dias recluso.
Lula, que ocupava o cargo de presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, foi preso por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops). A detenção ocorreu em 19 de abril e durou até 20 de maio, quando o petista foi libertado. A prisão, no entanto, só ocorreu após 17 dias de greve.
O movimento grevista foi, inclusive, responsável por conferir a Lula projeção nacional. “O que aconteceu quando eles me prenderam? Foi uma motivação a mais para a greve continuar, as mulheres fizeram uma passeata muito bonita em São Bernardo do Campo. Depois, foi aquele 1º de maio histórico, em que foi o Vinícius de Moraes, e a greve durou mais quase 30 dias”, afirmou Lula em depoimento à Comissão Nacional da Verdade.
Durante todos os dias em que esteve preso, Lula ficou na sede do Dops, em São Paulo, que era comandado pelo delegado Romeu Tuma, morto em 2010. Durante o período, ele deixou o local apenas uma vez, quando, em 11 de maio, participou do velório da mãe, vítima de câncer.
Lula chegou a ser condenado, com base na mesma lei usada para determinar a prisão dele, mas foi absolvido pelo Superior Tribunal Militar. No entanto, precisou deixar a presidência do sindicato. Em junho de 1980, foi eleito presidente do PT.