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Estado de Minas

Lula na cadeia é maior vitória da Lava-Jato

Em quatro anos, operação desmantelou o esquema de corrupção na Petrobras e prendeu políticos e empresários importantes, mas a do ex-presidente é principal triunfo


postado em 08/04/2018 06:00 / atualizado em 08/04/2018 07:49

(foto: / AFP / Heuler Andrey )
(foto: / AFP / Heuler Andrey )

A prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se entregou no início da noite de ontem à Polícia Federal, em São Paulo, é a mais emblemática da Operação Lava-Jato, que se desenrola há quatro anos e já prendeu políticos importantes, como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ) e o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (MDB-RJ), e ainda os ex-ministros dos governos Lula e Dilma José Dirceu e Antônio Palocci e os empresários Marcelo Odebrecht e Eike Batista.

Desde 17 de março de 2014, foram 49 fases da operação, com 953 mandados de buscas e apreensões, 227 mandados de conduções coercitivas, 103 mandados de prisões preventivas, 118 de prisões temporárias e seis prisões em flagrante. Até o momento são 188 condenações contra 123 pessoas.

O caso do triplex no Guarujá (SP) se arrasta desde 2014, quando o Ministério Público Federal começou a investigar as reformas no imóvel pela construtora OAS, que transformou o antigo duplex de número 174 do edifício Solaris para o triplex de número 164-A.

A empreiteira teria ainda investido em obras, mobiliado e adquirido eletrodomésticos para a unidade. Naquele ano, segundo o MP, Léo Pinheiro, presidente da OAS, teria feito visita ao imóvel na companhia de Lula.

Léo Pinheiro foi preso na sétima fase da Lava-Jato. Troca de mensagens com um executivo da empreiteira, Paulo Godilho, indicava que a reforma do apartamento teria sido feito por interesse da ex-primeira-dama Marisa Letícia.

Na 22ª etapa da operação, em janeiro de 2016, o alvo foi a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), que tocou a obra dos apartamentos, e era presidida pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso pela força-tarefa.

Dois meses depois, em 4 de março de 2016, Lula foi levado, em condução coercitiva, para depor na sede da Polícia Federal, em Congonhas. Em setembro, o MPF acusou Lula formalmente como beneficiário das melhorias no triplex.

Lula foi condenado em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro a nove anos e meio de prisão em julho de 2017. Em janeiro, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região aumentou a pena para 12 anos e um mês de prisão.

Como teve o habeas corpus negado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na semana passada, se entregou ontem à Polícia Federal para iniciar o cumprimento da pena por lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

Outras detenções


Em quatro anos, a Operação Lava-Jato contabilizou prisões importantes. Na primeira fase da operação, em março de 2014, os alvos foram os doleiros, entre eles Alberto Yousseff, peça-chave da operação, que assinou acordo de delação premiada em setembro do mesmo ano.

Ainda em 2014, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa foi preso duas vezes e se tornou o primeiro delator da Lava-Jato. Costa é acusado de desviar cerca de R$ 358 milhões da Petrobras.

Foi condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e pertencimento a organização criminosa e está em regime aberto. Em 2015, outros diretores da estatal foram presos, como Renato Duque (área de Serviços) e Nestor Cerveró (área internacional).

O ano de 2015 também ficou marcado pela prisão de diretores de empreiteiras, entre eles Marcelo Odebrecht, dono da empresa homônima. No ano seguinte, diretores da Mendes Júnior e da Queiroz Galvão entraram na linha de investigação. Em 2017, foi a vez de Eike Batista ser preso.

O empresário do grupo X, que chegou a ser o oitavo homem mais rico do mundo, agora está solto.

Os primeiros políticos foram presos em abril de 2015, quando foram cumpridos mandados de prisão contra os ex-deputados Pedro Corrêa, Luiz Argôlo e André Vargas (que se tornaria o primeiro político condenado). O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, mesmo cumprindo pena pelo mensalão, também se tornou alvo.


Linha do tempo


Os avanços da Operação Lava-Jato


17/3/2014
É deflagrada a primeira fase da Operação Lava-Jato, com a prisão de quatro doleiros, entre eles Alberto Youssef, que ficou preso por três anos

20/3/2014
Primeiro delator, Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, é preso pela primeira vez. Operação aponta relação do engenheiro com o doleiro em negócios ilícitos

Setembro/2014
Youssef e Costa, peças-chave, assinam acordo de delação premiada

14/11/2014
Prisão dos primeiros empreiteiros e bloqueio de R$ 720 milhões em bens de 36 investigados

Janeiro e março/2015
Nestor Cerveró e Renato Duque, ex-diretores da Petrobras são presos

Abril/2015
Prisão dos primeiros políticos, os ex-deputados André Vargas, Pedro Corrêa e Luiz Argôlo. E o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto

19/6/2015
Na 14ª fase, executivos da Andrade Gutierrez e Odebrecht são presos, entre eles Marcelo Odebrecht, que ficou preso até o fim do ano passado.

22/9/2015
André Vargas é o primeiro político preso pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro

24/11/2015
O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, é preso por pagamentos de propina e fraude em licitações da Petrobras

27/1/2016
A 22ª fase da operação, a Triplo X, prende Eike Batista, que foi solto em abril de 2017 e cumpre prisão domiciliar

4/3/2016
A OAS, envolvida no caso do triplex que levou Lula a prisão, passa a ser investigada por corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da Petrobras

22/9/2016
Na 34ª fase, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega foi detido, mas teve prisão revogada. A fase investigava contratações irregulares nas plataformas P-67 E P-70.

19/10/2016
O ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha é preso

17/11/2016
Na 37ª fase, o MPF passa a investigar organização criminosa chefiada pelo ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, que é preso.

21/11/2017
A 47ª fase tem como alvo o ex-gerente da Transpetro, José Antônio de Jesus, acusado de pagar propinas ao PT

19/12/2017
Acordo de leniência celebrado com a Keppel Fels prevê pagamento de multa de R$ 1,4 bilhões, sendo que a metade será devolvida aos cofres públicos

9/3/2018
A 49ª fase da Lava-Jato, última deflagrada, aponta pagamento de propina nas obras de Belo Monte. Entre os alvos, o escritório do ex-ministro Delfim Netto

7/4/2018
Principal alvo da Lava-Jato, o ex-presidente Lula é preso por corrupção e lavagem de dinheiro


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