O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o quinto ex-presidente brasileiro a ser preso, o primeiro por crime comum, no caso, corrupção. Até a prisão do petista, apenas as divergências políticas se tornaram motivo para que ex-chefes de Estado fossem parar atrás das grades após deixar o poder.
Entre os cinco que foram presos, dois são mineiros: Artur Bernardes e Juscelino Kubitschek.
O gaúcho Hermes da Fonseca (oitavo a assumir a Presidência da República – de 1910 a 1014) foi o primeiro ex-presidente a ser preso. Ele ficou detido entre julho de 1922 e janeiro de 1923. Ele assumiu a presidência do Clube Militar em 1921 e se envolveu na campanha pela sucessão do presidente Epitácio Pessoa.
Os embates entre o Exército e o governo federal se acirraram na disputa eleitoral e o Epitácio ordenou o fechamento do Clube e a detenção de Hermes. A prisão deu início a um levante de tenentes que apoiavam o ex-presidente – o episódio que ficou conhecido como “18 do Forte de Copacabana” foi a primeira revolta tenentista que agitaria o país ao longo da década de 1920.
O ex-presidente Washington Luis, carioca radicado em São Paulo, já deixou o governo em um carro policial. Logo após ser deposto, em 24 de outubro de 1930, no golpe que colocaria Getúlio Vargas no poder.
Ele saiu do Palácio do Catete acompanhado do cardeal arcebispo do Rio de Janeiro, Sebastião Leme, e foi conduzido até o Forte de Copacabana. Depois de deixar a prisão, exilou-se na Europa e nos Estados Unidos. O retorno ao Brasil ocorreu dois anos depois do fim da ditadura Vargas.
O mineiro Artur Bernardes (presidente da República entre 1922 e 1926) também foi preso depois de apoiar a Revolução Constitucionalista deflagrada em São Paulo, em 1932, contra o governo de Getúlio Vargas.
Ele tentou sublevar a força pública em Minas em apoio ao movimento paulista mas não contou com apoio de outras lideranças mineiras. Em setembro de 1932, foi preso em sua fazenda, em Viçosa, e enviado para o exílio em Portugal, onde permaneceu por um ano e meio.
JK foi detido por militares
Outro presidente da República mineiro preso foi Juscelino Kubitschek (presidente entre 1956 e 1961). Opositor do regime militar desde o golpe de 1964, JK passou vários períodos fora do país após ter os direitos políticos cassados. Ao voltar para o Brasil em 1967, enfrentou ameaças de apoiadores do regime e passou a ter seus passos monitorados.
Em 13 de dezembro de 1968, enquanto o governo de Costa e Silva anunciava o Ato Institucional número 5 (AI-5) – considerado o ato mais duro do regime militar – Juscelino era paraninfo de uma turma de engenharia que celebrava a formatura no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Ao deixar o prédio, o político mineiro foi preso por um oficial e levado para um quartel em Niterói. Lá ele permaneceu preso por 27 dias, até ser liberado para viver em regime de prisão domiciliar. (MF)