São Paulo, 08 - Na mensagem em vídeo que gravou para a militância, antes de ser preso na Operação Lava Jato para cumprir sua pena de 12 anos e um mês de reclusão no processo do polêmico triplex do Guarujá, Lula disse acreditar que logo vai superar a crise. "Pode demorar um pouco, mas vamos vencer essa batalha", ele disse.
O depoimento do ex-presidente foi gravado ao lado de frei Beto, que foi visitá-lo no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Na velha trincheira do sindicato onde forjou sua carreira, Lula permaneceu durante dois dias até se entregar à Polícia Federal, já na noite de sábado, 7.
Na gravação, Lula recorda os tempos de sindicalista, em 1980, quando foi preso pelos agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), braço da repressão, sob acusação de violação da Lei de segurança Nacional, por incitação à greve.
"Em 80, quando eu fui preso, o Beto estava em casa. Foi o Beto que levantou e bateu na minha porta, 'ô Lula, a polícia tá aí'."
Agora alvo da Lava Jato, o petista afirma estar com a consciência tranquila, leve.
Atacou o juiz Sérgio Moro, que o condenou e ainda conduz outros dois processos criminais contra ele, e também atacou o procurador da República Deltan Dallagnoll, da força-tarefa do Ministério Público Federal.
"Eu estou muito de bem com a minha consciência, de bem com a minha vida. Eu tenho dito que o que me faz ficar bem é a tranquilidade da minha consciência. Eu duvido que o Moro, eu duvido que o Dallagnoll, eu duvido que os caras que fizeram as mentiras que estão fazendo contra mim deitem toda noite com a consciência tranquila que eu deito e durmam o sono que eu durmo. Devem estar com a consciência pesada. Minha consciência é uma consciência leve e eu sei das mentiras que eles contaram prá me destruir."
Ele disse acreditar que sua prisão foi decretada porque havia a possibilidade de conseguir uma liminar que acabasse com esse negócio da condenação da segunda instância. "E nós não prendemos o Lula! Assim não vale!"
Lula atribui a ordem de prisão à vaidade pessoal (de Moro). "E a vontade de tirar fotografia minha preso, única explicação que eu encontro prá essa loucura."
"Nós temos recurso, ainda vamos entrar com embargos dos embargos na segunda feira."
"Engraçado, estou muito mais tranquilo hoje do que em 1980", diz.
(Fausto Macedo e Fernanda Yoneya)