Ao lançar o Memorial de Direitos Humanos Casa da Liberdade – que funcionará no antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) –, o governador Fernando Pimentel (PT) aproveitou para comentar pela primeira vez sobre a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e anunciar que o espaço será também um “espaço de resistência” em Minas e de luta pela democracia.
“Eu achava, com sinceridade, que aquele seria um espaço de memória mesmo, de exposição da história, de compartilhamento daquilo que foi feito, de informação. E agora eu chegou à conclusão que ele será também um espaço de resistência. Lá nós vamos resistir, nós vamos debater, vamos refletir, vamos organizar manifestações, vamos organizar os eventos necessários para que essa escalada antidemocrática que o Brasil está vivendo tenha um fim”, discursou o petista.
Durante o discurso, o governador classificou a prisão de Lula como “absurdamente ilegal”, fruto de uma sentença “frágil e equivocada”. O ex-presidente da República está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, no Paraná, desde a noite de sábado. Condenado a 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, ele iniciou o cumprimento da pena por ordem do juiz Sérgio Moro, depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) negou o habeas corpus para que ele recorresse da condenação em liberdade.
“Quando alguém diz assim, mas a lei é para todos, eu concordo.
Fernando Pimentel recorreu ao romance 51 do livro Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meirelles, denominado “Das sentenças”. Ele disse que o momento atual apresenta semelhantes com aquele da poesia, que retrata injustiças.
“Que o desprezo recaia irremediavelmente sobre os algozes do presidente Lula. E que o manto do esquecimento da história cubra definitivamente essa vergonha que estão praticando esses algozes de um líder popular íntegro e honesto”, concluiu.
Memorial
A previsão é que o memorial Casa da Liberdade seja inaugurado no final deste ano e retrate abusos e violações aos direitos humanos no país, especialmente durante o período militar. A escolha da antiga sede do Dops para abrir o museu tem o objetivo de conscientizar os visitantes sobre os crimes cometidos no passado. O local foi usado durante o regime militar para práticas de repressão e tortura a perseguidos pela ditadura. Como o prédio é tombado pelo município e pelo estado, as obras seguirão as diretrizes de proteção do patrimônio. .