A última esperança será amanhã no STF
Primeiro, antes de qualquer registro, um comentário é necessário. Dão como certa a ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Feito isso, melhor passar à herança que ele deixará se confirmada a sua condenação e ficar fora da eleição. E é curioso.
O herdeiro mais forte na última pesquisa Datafolha é Ciro Gomes (PDT), que os petistas repudiam com toda força. Em seguida vem Marina Silva (Rede), que largou o sentimento petista já faz tempo. Quanto ao deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), candidato declarado como adepto da direita, nem é preciso dar maiores detalhes.
Os prováveis herdeiros Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D’Ávila (PCdoB), esta sim, a que tem mais força, será necessário antes combinar com os petistas. Em especial com o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad. O problema dele, no entanto, é o Nordeste. Antes muito forte como reduto petista, a força de Lula é que representava esta condição. Assim mesmo, com o verbo no passado.
Se o senador Roberto Requião (MDB-PR) insiste em sua pregação contra a mídia, põe nela a culpa a torto e à direita, tudo indica que os meios de comunicação estão com razão. Afinal, é papel da imprensa denunciar os malfeitos, sem cor partidária. Se há preferências, Requião não apontou. Ficou no discurso generalizado. Então, sendo assim, a carapuça em ninguém cabe. Melhor deixar para lá. Já ficou cansativo.
O fato é que a política tem um único pano de fundo. Amanhã, ela deixa a primazia da política para o Judiciário, diante do recurso da defesa do ex-presidente Lula. Será que o Brasil vai parar para assistir? Improvável.
Desta vez, ele não estará em São Bernardo do Campo, no Sindicato dos Metalúrgicos que o projetou para a política até chegar à Presidência da República. As bandeiras vermelhas, nem todas, podem aparecer. Mas ficarão restritas aos militantes de carteirinha, os que usam a contribuição sindical para subir no palanque.
Enquanto o PT fazia reunião secreta, os senadores e senadoras de oposição optaram por ocupar a tribuna. Ela virou palco para ataques de toda ordem para o Poder Judiciário. Sobrou artilharia pesada, com que efeito não dá para saber se o comercial deu certo. Improvável de novo.
Aliás, muito mais improvável. Pelo menos, ficam nas notas taquigráficas, se servir de consolo. Ihh! Desconsoláveis senadores e senadoras já estavam mesmo. Quem tinha esperança de vencer o medo era o deputado Paulo Teixeira (PT-SP): “Nossa esperança é o Supremo consertar esse erro judicial que está sendo cometido”. Foi ao chegar na reunião da executiva nacional do PT. Se a esperança vai vencer o medo de o ex-presidente Lula perder o recurso, melhor esperar o resultado de amanhã.
Desistir jamais
Petistas e tucanos propagam boatos de que o ex-prefeito de BH Marcio Lacerda (PSB) teria desistido da candidatura ao governo de Minas e optado por disputar vaga no Senado. Isso não é verdade, tanto que Lacerda viaja esta semana para o Sul de Minas, com visitas programadas em 11 cidades, e, na próxima, estará na Zona da Mata, passando por oito municípios. Às pessoas mais próximas, o candidato afirmou que “não vai desistir em hipótese alguma”. Lacerda está animado com os números de pesquisa interna, que mostram crescimento significativo nas intenções de voto.
Mais ataques
O PT insiste em desconhecer os fatos e ainda reclama da ausência de Ciro Gomes (PDT) em São Bernardo do Campo do evento em favor (ou de despedida, melhor dizendo) do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). É que, como estava na Europa, Ciro não apareceu. Daí o fato de petistas anunciarem que apoio a Ciro já está descartado. Para lembrar, quem anda atrás do espólio de votos petistas são Manuela D’Ávila (PCdo B) e o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) Guilherme Boulos (Psol). A cobrança foi ontem, no plenário do Senado.
A propósito
Tudo indica que deve haver uma visita de solidariedade ao “ser humano” Lula. Quem diz é o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, meio que tucanando, não é mesmo? Tanto que ele vai levar a tiracolo o presidenciável Ciro Gomes (PDT). Se não está atrás do espólio de votos do ex-presidente petista, mudou de nome, não é mesmo?
O ritual
Primeiro a dama, Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), como segue o ritual, depois o senador Paulo Paim (PT-RS), que é da mesa diretora e depois da tribuna sentou-se na cadeira de centro do plenário e passou o bastão para Jorge Viana (PT-AC), que também discursou. Diante dos partidos, nem precisa dizer que foi sobre o caso do ex-presidente Lula. Mas a solidariedade a ele estava presente várias vezes nos discursos.
Pé-quente
O ex-presidente Lula teve um alívio no domingo. Pôde ver pela TV o seu Corinthians se sagrar campeão diante do Palmeiras, devidamente autorizado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato da Polícia Federal (PF) em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF). A torcida agora é pelo habeas corpus que será julgado pelo plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).
Pingafogo
- A Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana da Câmara Municipal de Belo Horizonte vai amanhã apurar a situação da rede de esgoto e água pluvial, diante dos alagamentos que acontecem sempre que chove.
- Tratada como uma visita técnica, na verdade, os vereadores querem é conhecer de perto e tentar descobrir o que de fato acontece, já que apontam a situação da rede de esgoto e água pluvial como responsável pelos riscos nas casas da vizinhança.
- “O desafio atual é gigantesco, embora bastante claro e simples: fortalecer o estado de direito com a aplicação da lei de modo igual para todos”. Foi em Havard, no último sábado, a declaração da procurador-geral da República, Raquel Dodge.
- Se o alvo não foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), cujo nome não foi sequer citado pela procuradora Raquel Dodge, é mais um episódio da série desacredite se quiser.
- Para encerrar por hoje, ele ainda finge que não bateu o martelo, mas deixou claro que vai manter “diálogo constante” com o presidente Michel Temer (MDB) ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB). Vai tratar de economia? Acredite se quiser.