“Lula, sou operário igual você, que sofreu com os pobres.” Assim o operário aposentado José Araújo Filho, de 78 anos, começa a carta, dirigida à sede da Polícia Federal em Curitiba (PR), onde está preso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como no filme “Central do Brasil”, em que Dora, personagem de Fernanda Montenegro, escreve cartas na estação de trem, militantes pró-Lula montaram uma tenda na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, e recolheram mensagens escritas para o petista, entre elas a de seu José.
Leia Mais
Lula pediu para receber visitas da família às quintas-feirasLindbergh e Gleisi pedem para que seja incluído 'Lula' no nome parlamentarMaia diz que não vai 'perder tempo' com pedidos para incluir nome de Lula ou MoroManifestantes pró-Lula fecham avenidas em Belo HorizonteDeputados petistas entram na Câmara com cartazes de 'Lula Livre''Já mandou sua carta pro Lula hoje?', pedem aliados nas redes sociaisApoiadores escrevem cartas para Lula na Praça SeteA mobilização na capital mineira acompanha um movimento nacional que incentiva o envio de mensagens para Lula, preso desde o último sábado. Com uma mesa e banquinhos, apoiadores do ex-presidente sentaram em meio à agitação do centro nevrálgico da cidade para escrever cartas para dar força ao ex-mandatário. Analfabetos contaram com a ajuda de voluntários.
Escrita a próprio punho, a carta de seu José relatava a Lula a saga de um brasileiro que conseguiu formar os três filhos na faculdade – comunicação social, direito e enfermagem.
Desde às 11h até por volta das 15h, já ultrapassavam 350 cartas. Algumas delas com as fotos dos remetentes. Isso porque um fotógrafo estilo “lambe-lambe” montou uma banquinha bem ao lado da tenda. Por R$ 2, os interessados podiam tirar foto como se fossem o próprio presidente. Bastava colocar o rosto num banner que vinha com a faixa presidencial e o escrito “Eu sou Lula”.
A médica Sônia Maria Ribeiro, de 61 anos, assinou a carta como Sônia Maria Lula Ribeiro, a exemplo de diversos políticos e militantes.
Com problemas de visão, dona Serafina de Souza, de 67, ´preferiu contar com a ajuda de voluntário para redigir a mensagem ao ex-presidente. “Tenho problema de visão e escrevo muito mal. Acho que foi muita injustiça com ele. Não tem prova”, conta a doméstica. “Fiquei muito triste com sua prisão.