Desde que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (condenado e preso na Operação Lava-Jato) chegou à sede da Polícia Federal em Curitiba, no sábado passado (7/4), a vida do desempregado Eduardo Maciel, 20 anos, mudou drasticamente. Morador do pacato bairro Santa Cândida, na Zona Norte de Curitiba, há oito meses, ele e sua família (pai, mãe e três irmãos) viram na montagem do acampamento "Lula Livre" uma oportunidade de negócios.
Leia Mais
Sindicalista vai ser indiciado por agressões no Instituto Lula'Planos B' de Lula evitam se colocar como alternativa ao PlanaltoComissão aprova diligência para visita de senadores a Lula em CuritibaFamília faz primeira visita a Lula na cadeia"Voto no Bolsonaro. Vi os vídeos dele e gostei. Se o Lula está preso, não é por acaso", afirmou o jovem, enquanto os integrantes da fila olhavam com reprovação.
Na esquina de cima, o aposentado Atahyde Carlos da Silveira, 59, morador do bairro há 25 anos e eleitor de Lula e Dilma, reclama da "vigília". "Minha vida virou de pernas para o ar.
A estrutura de funcionamento é a mesma dos acampamentos recém-criados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST): há uma organização rigorosa, com divisão de trabalho, provisões de alimentação e água, estrutura provisória de moradia (barracas de lona improvisada e de camping).
'Disciplina'
Mas em vez de ocupar uma área rural verde ou de pastagem, está montada em pleno bairro residencial, de ruas planejadas com asfalto, calçadas de grama e ladeiras íngremes. No local também funcionam uma subsede do PT nacional.
Ela conta que alguns moradores inicialmente avessos à vigília acabaram se envolvendo e abrindo suas casas para os militantes usarem o banheiro e tomar água. Um morador fez um pacto: liberou a água, mas depois que a coordenação aceitou pagar sua conta.
Transferência
O cerco ao prédio da PF fez o Sindicato dos Delegados da Polícia Federal do Paraná pedir a remoção de Lula da unidade, alegando prejuízo aos serviços oferecidos à população e pelos riscos de segurança causados aos moradores e aos policiais.
"Pessoas filiadas ao nosso sindicato trouxeram essa dificuldade.
O pedido foi apresentado ao superintendente regional da PF em Curitiba, delegado Maurício Valeixo. Em nota, a direção da PF informou que Lula está recebendo o mesmo tratamento aplicado aos "demais custodiados" no prédio.
Pela primeira vez desde que foi preso em uma cela no último andar da sede da PF, o ex-presidente vai receber nesta quinta-feira, 12, a visita dos filhos..