Boa Vista - Em sua passagem por Roraima, o pré-candidato à Presidência pelo PSL, deputado Jair Bolsonaro, evitou contato direto com a principal questão que mobiliza a opinião pública local: a migração maciça de venezuelanos para o Estado. O presidenciável cancelou, em cima da hora, uma visita que faria aos imigrantes - último compromisso da sua agenda, às 21h30 da quinta-feira, antes da viagem de retorno marcada para as 23 horas.
Em vez disso, o pré-candidato preferiu participar de um evento promovido pela representação local do Centro de Tradições Gaúchas (CTG). Pouco antes, em carreata pela cidade e em entrevistas, Bolsonaro criticou a entrada dos refugiados vindos da Venezuela. Eles já são cerca de 40 mil e pressionam os serviços públicos locais.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo em março, Bolsonaro defendeu, pela primeira vez, a proposta de construir "campos de refugiados" para os recém-chegados. A proposição causou polêmica, por dar a ideia de que os imigrantes seriam confinados.
Na visita que fez agora a Roraima, o pré-candidato do PSL voltou a defender a proposta, mas em tom mais moderado. Ele evitou criticar diretamente os migrantes, que apresentou como vítimas "da ditadura defendida pelo PT".
Disse também que "ninguém quer dar o cartão vermelho e botar os venezuelanos no caminhão e mandar voltar". Mas afirmou que eles não podem ficar da maneira como estão "causando transtornos na cidade dos mais variados possíveis". "Campo de refugiados é uma coisa normal e legal que acontece em qualquer país do mundo", afirmou ele na quinta-feira, em Boa Vista.
Bolsonaro evitou contato direto com os venezuelanos um dia antes de a governadora Suely Campos (PP) apresentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido para o fechamento temporário da fronteira para barrar a entrada de novos migrantes.
Praças fechadas
Em Boa Vista, duas praças - a Capitão Clóvis e a Simón Bolívar - já foram fechadas com tapumes, para que o acesso dos imigrantes seja controlado. Nelas, os venezuelanos moram em barracas, em condições precárias. Abrigos públicos na cidade também estão lotados.
Bolsonaro, porém, não visitou nenhum desses locais. Cumpriu agenda que incluiu carreata do aeroporto até o centro da cidade, entrevista coletiva à imprensa, visita a uma instalação militar, palestra e, finalmente, participação em evento promovido pelo CTG.
O presidenciável fez carreata acompanhado de dois pré-candidatos locais: o empresário do agronegócio Antonio Denarium (que vai tentar o governo do Estado) e o pastor Isamar Ramalho (que pretende concorrer a uma vaga no Senado Federal), ambos pelo PSL. Quando defendeu a proposta de construir campos para os refugiados venezuelanos, Bolsonaro foi aplaudido pelos participantes. O pré-candidato criticou ainda a Lei de Imigração.
"Estamos num país sem fronteira, como o que vocês estão vendo com a Venezuela. Não estou dizendo que queremos, mas não temos como mandar ninguém embora com essa lei", afirmou ele. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Constança Rezende, enviada especial)