Procurado pela Polícia Civil desde a manhã desta quarta-feira (18), a defesa do vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte Wellington Magalhães (PSDC) afirma que parlamentar não está foragido da Justiça e que, na verdade, ele não foi encontrado. Magalhães está sendo investigado por fraude em licitação.
“Na concepção do Ministério Público, ele está foragido. Consideramos que Wellington não foi encontrado. É o Estado que tem que buscar meios de cumprir o mandado de prisão. Nem sei onde ele está”, disse o advogado do vereador, Leonardo Salles. O advogado afirmou que teve acesso a parte dos autos e que ordem de prisão foi uma surpresa. “Essa era uma investigação que já estava em curso. Quero entender o motivo da prisão para avaliar o que é possível fazer”, afirmou.
Segundo Salles, pode haver uma negociação para que o parlamentar se apresente à polícia. Integrantes da Polícia Civil e do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) estão nas ruas desde cedo para cumprir oito mandados de prisão e busca e apreensão por fraude em licitação. O parlamentar não foi localizado em casa, na Região da Pampulha.
Também é considerado foragido o assessor dele, Rodrigo Dutra. "A Polícia Civil continuará à procura desses indivíduos, movimentando por toda a cidade", afirmou nesta quarta-feira o delegado Fernando Lima, um dos coordenadores da operação.
'Político sujo'
A prisão preventiva é cumprida por tempo indeterminado e foi determinada pela 4ª Vara Criminal de Belo Horizonte. Por ter mandato parlamentar, Wellington Magalhães tem direito a cela especial. Quando localizado, Magalhães deverá ficar preso na Penitenciária Nelson Hungria.
A Operação Sordidum Publicae (político sujo) tem como objetivo cumprir oito mandados de prisão preventiva em Belo Horizonte . De acordo com o MPMG, o vereador é suspeito de liderar uma organização criminosa que fraudava licitações de publicidade na Câmara.
Segundo o MP, o prejuízo aos cofres públicos ultrapassa os R$ 30 milhões. Até o momento, seis pessoas já foram presas, entre elas Kelly Magalhães, mulher do parlamentar. Ela foi presa em casa no início da manhã, e segundo informou aos policiais, eles estariam separados, daí a ausência do parlamentar.
Os seis presos foram encaminhados à 1ª Delegacia de Polícia e serão transferidos para penitenciárias ao longo do dia. Todos os investigados tiveram bens imóveis e móveis sequestrados, como carros, computadores e documentos. Também de acordo com o MP, a prisão preventiva dos oito investigados foi decretada porque há fortes indícios de autoria e a liberdade deles poderá oferecer "grave risco para a ordem pública".
'Amigo'
Durante a coletiva à imprensa, veio à tona que há duas semanas a ex-chefe da Polícia Civil em Minas, Andrea Vacchiano, teria prestado depoimento ao Ministério Público, quando relatou que foi intimidada e constrangida por Wellington Magalhães durante reunião com o vereador e o então secretário de Governo e deputado federal Odair Cunha (PT). No encontro, também teria sido solicitado que a Polícia Civil atendesse a pedidos de Magalhães, que seria um "amigo" do governo.
“Ela prestou depoimento há duas semanas e declarou que foi constrangida na frente do Odair Cunha, então secretário da Casa Civil, na qual lhe foi pedido que atendesse a todos os pedidos desse indivíduo (Wellington), do líder da organização criminosa, porque ele seria amigo dele (Odair), de alguém”, contou Barbabella. Vacchiano deixou a PC em agosto de 2016. Segundo o MP, será instaurada uma apuração para verificar a reunião, que teria ocorrido em 2016.