O ex-ministro da Justiça e deputado federal Osmar Serraglio (PP-PR) confirmou, em entrevista ao jornal O Globo, que o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) o pressionou para que fosse nomeado um delegado da Polícia Federal “de sua preferência” para investigar denúncias envolvendo seu nome. A PF é vinculada ao Ministério da Justiça.
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Gilmar Mendes prorroga por 60 dias investigação sobre Aécio'Ideal é que Aécio não seja candidato', diz Alckmin em entrevista a rádioPrimeira turma do STF decide aceitar denúncia contra AécioAs declarações do parlamentar reforçam a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral de Justiça (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) de que o mineiro tentou obstruir a Justiça. Nesta semana, os ministros do STF acataram a denúncia e tornaram o tucano réu. O então procurador-geral Rodrigo Janot argumentou na denúncia que Osmar Serraglio deixou o ministério em maio do ano passado, em razão de pressão feita por Aécio e outros parlamentares investigados sobre o presidente Michel Temer (MDB).
Em conversa gravada com o empresário Joesley Batista, Aécio Neves desqualificou a nomeação de Osmar Serraglio e usou palavrões para se referir a ele.
A defesa do senador Aécio Neves (PSDB) divulgou uma nota nesta sexta-feira afirmando que ele “jamais tentou interferir na nomeação de delegados para a condução de qualquer inquérito. Essa questão é afeita exclusivamente à PF, que não se submete a esse tipo de ingerência”, diz o texto assinado pelo advogado Alberto Zacharias Toron.
Ainda de acordo com a nota, as conversas que ele teve sobre o tema foram “no sentido de mostrar seu inconformismo com inquéritos abertos sem qualquer base fática, em especial, com a demora em serem concluídos, levando a um inevitável desgaste”. Sobre os palavrões usados para se referir a Serraglio, o advogado lembrou que na ocasião da divulgação da conversa, o senador pediu desculpas ao ex-ministro.
Rádio
A defesa do senador também rebateu declarações do empresário Joesley Batista, à PGR, de que pagou R$ 50 mil mensais a Aécio Neves por meio da rádio Arco Íris, afiliada da Jovem Pan em Belo Horizonte, da qual era sócio. Segundo Joesley, o pagamento foi acertado no Rio de Janeiro, e o dinheiro seria usado para “despesas pessoais”.
Em nota, a defesa argumentou que as declarações de Joesley são uma “demonstração de má-fé e desespero” na tentativa de manutenção o “extraordinário” acordo de delação, que corre o risco de ser anulado.
“O senador jamais fez qualquer pedido nesse sentido ao delator, da mesma forma que, em toda a sua vida pública não consta nenhum ato em favor do grupo empresarial. O sr. Joesley Batista se utiliza de uma relação comercial lícita mantida entre empresas de seu grupo e um veículo de forte inserção no mercado mineiro para forjar mais uma falsa acusação”, diz a nota assinado por Alberto Zacharias Toron.
Segundo o advogado, o contrato com a emissora de rádio representou uma relação comercial legal, tanto que foi mantido até a data de encerramento.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, Joesley entregou aos procuradores 16 notas fiscais, emitidas entre 2015 e 2017 pela rádio, no valor total de R$ 864 mil.
As notas fiscais trazem como discriminação do gasto a prestação de serviços de publicidade por meio de patrocínio do Jornal da Manhã, programa da rádio. Aécio vendeu as cotas da rádio em setembro de 2016, para a irmã, Andrea Neves, por R$ ,6,6 milhões.
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