Com forte tom político, o governador Fernando Pimentel (PT) encerrou a última cerimônia de agraciamento da Medalha da Inconfidência de seu mandato, ontem, em Ouro Preto. Demarcou de forma contundente o campo político com o qual debaterá na campanha ao governo de Minas: o PSDB que o antecedeu. Deixando de lado as falas amenas que marcaram os primeiros anos de seu governo, Pimentel decidiu apontar o dedo e responsabilizar os antecessores pela dramática situação fiscal de Minas Gerais.
Sem citar a Cidade Administrativa, mas referindo-se a ela, Pimentel acusou os governos dos tucanos Aécio Neves e Antonio Anastasia (2003 a 2014) pelo que chamou de desperdícios de recursos públicos em “obras faraônicas” e que “hoje sabemos, de preços superfaturados”.
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Com outra postura ontem, Pimentel acusou os tucanos não só do legado de déficit, mas por conduzirem o estado de forma “autoritária”, “sem diálogo”, o que, segundo ele, contribuiu para que elegessem prioridades que ele considerou equivocadas.
As dificuldades de caixa de Minas, que provocam atrasos e parcelamento de salários, foram também justificadas por Fernando Pimentel pelo “difícil e turbulento” período da história republicana. Relativizando a situação de Minas, ele comparou o estado a outras unidades da federação. “O nosso estado atravessa o período mais difícil e turbulento da história republicana, mas está se saindo melhor do que a maioria dos estados e territórios da Federação. Basta olhar no entorno e comparar”, disse.
Numa cerimônia mais simples, restrita a 170 agraciados, lista composta por intelectuais, militares, juristas e empresários, além de poucos políticos, mas sobretudo dando destaque aos líderes de causas sociais, a começar pela vereadora do Psol Marielle Franco, executada em março ao lado de seu motorista, Anderson Gomes, também homenageado. Em diversos momentos do agraciamento com as medalhas, a plateia irrompeu em gritos e coro de “Lula Livre”, slogan que se repetiu quando o governador encerrou o seu discurso. Paralelamente à solenidade, realizada no Centro de Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto, a presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) participou do ato “Lula Livre” na Praça Tiradentes, que encheu de integrantes de movimentos sociais as ruas da cidade histórica ontem, sede simbólica da capital de Minas Gerais.
DEMOCRACIA Embora a disputa estadual eleitoral tenha recebido maior destaque no discurso do governador, ele também aproveitou a simbologia do 21 de Abril – que celebra os ideais da Inconfidência Mineira – para fazer crítica à judicialização política. “O Brasil viveu a escuridão do arbítrio após o golpe de 64 e caminhou nas trevas durante mais de 20 anos até reconquistar o amanhã da democracia.
“A democracia está ameaçada pela violência, pelas perseguições, casuísmos, excessos e abusos de poder. Mas, tal como ontem, nós mineiros não deixaremos de estar na trincheira de lutas pela liberdade e igualdade”, disse.
Citando os inconfidentes, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e Lula, a quem chamou de “construtores do amanhã”, Pimentel afirmou que, cada qual a seu tempo, todos foram perseguidos e vilipendiados. ‘JK com o seu projeto de desenvolvimento, Getúlio Vargas na formatação das leis trabalhistas e da Previdência, assim como fez Lula com os seus bem-sucedidos programas de inclusão social, todos heroicos construtores do amanhã, viveram, não por coincidência, a dor da perseguição e da ofensa”, disse.
“Mas todos são vitoriosos no final, porque são amados por nosso povo. Já os seus algozes, estes têm lugar garantido no limbo do desprezo e do esquecimento histórico. Carrascos são sempre figuras menores, imagens no efêmero palco que escolheram, onde a luz desaparece assim quando se apagam os refletores da mídia”, concluiu.
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