São Paulo – As investigações sobre corrupção concluídas pela Polícia Federal no país duram, em média, um ano e dez dias. Esse prazo é o dobro do usado pela Lava-Jato para concluir o inquérito que resultou na condenação a 12 anos e 1 mês do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – preso na operação – no caso do triplex e quase nove vezes maior do que o da apuração sobre o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que se tornou réu por corrupção e obstrução da Justiça.
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Prisão ocorre em 16% dos inquéritos por corrupçãoPacote com medidas contra corrupção pode ser consultado até o dia 30Não podemos ficar indiferentes à corrupção e à violência, diz Villas BôasHá nos inquéritos sobre corrupção ainda muitas disparidades regionais na quantidade de casos e na agilidade para concluí-los. As superintendências da PF de quatro Estados (Sergipe, Paraíba, Alagoas e Amapá) abriram menos de 30 inquéritos entre 2013 e 2017 (menos de um a cada dois meses). No outro extremo, a Superintendência da Polícia Federal em São Paulo deu início a 404 investigações no mesmo período.
No ranking da rapidez, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Roraima se destacam, com 79%, 77% e 76% dos inquéritos abertos nos últimos cinco anos, já concluídos, respectivamente. O Rio de Janeiro, com 43%, teve o pior desempenho – para evitar distorções, foram considerados só os Estados com mais de 30 inquéritos no período).
Outro fator apontado como causa da demora das apurações é a falta de recursos. “Hoje temos 10.800 policiais federais para cuidar das operações no país inteiro. É o mesmo efetivo de 2008. Só o déficit de delegados é de 628”, afirmou Edvandir Paiva, presidente da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal.
O Rio Grande Norte é o Estado que onde os inquéritos proporcionalmente mais terminam em prisão (42%). O Paraná, berço da Operação Lava Jato, fica em 3.º lugar. São Paulo ocupa apenas a 20.ª posição. “A autonomia e independência da polícia é essencial. Algumas dessas disparidades podem ser explicadas por nomeações por indicação política”, afirma o magistrado aposentado Wálter Maierovitch.
O comportamento da magistratura em cada Estado também explicaria as diferenças. “Temos em São Paulo uma Justiça mais tradicional e menos progressista do que a do Sul do País na aplicação de instrumentos como a delação premiada”, afirmou o Sílvio Antonio Marques, da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social.
Para ele, parte da demora da apuração se deve à insegurança que ainda cerca alguns instrumentos usados para o combate à corrupção, como os acordos de leniência.