Alçado à condição de celebridade nacional por causa das prisões que realizou na Operação Lava-Jato, o policial federal aposentado Newton Ishii assume a presidência do PEN do Paraná nesta semana e deve disputar as eleições de outubro. O japonês da federal, como é conhecido, decidiu se tornar político depois de realizar algumas das principais prisões da maior operação de combate à corrupção no Brasil e experimentar, ele próprio, uma tornozeleira eletrônica por causa de uma condenação por contrabando.
O japonês da PF se filiou ao partido, que vai mudar o nome para Patriota, em meados de março. Nesta semana, o presidente nacional da legenda, Adilson Barroso, o convidou para ser dirigente no Paraná e ele aceitou.
“Você imagina uma pessoa com 60 e poucos anos, que foi aposentado na Polícia Federal – ele não foi afastado, isso ou aquilo. Quem é que não quer um homem desses? Todos os partidos foram loucos atrás e até pensei que o japonês pudesse nos deixar mas ele nos honrou muito e ficou”, disse Barroso.
Depende da lei da Ficha Limpa
O presidente nacional do partido afirmou que a intenção do PEN é que ele concorra em outubro a qualquer cargo que quiser: de presidente de República a deputado ou senador. Mas isso vai depender da Justiça Eleitoral.
Newton Ishii teve a condenação por contrabando mantida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2016. Naquele ano, Ishii foi preso em uma sala da PF em Curitiba por causa da Operação Sucuri, que em 2003 revelou que ele e outros agentes teriam permitido a entrada de contrabando vindo do Paraguai no Brasil.
“Ele está trabalhando aquele processo de 20 anos atrás. Teve esse andamento e ele foi condenado monocraticamente (no STJ), a lei diz que tem que ser colegiado para não ser candidato. É natural que a gente queira livrá-lo totalmente disso”, disse Adilson Barroso.
De presidente a deputado
Questionado sobre qual vaga disputaria, o dirigente disse que a “qualquer cargo que o povo brasileiro ou do estado do Paraná quiser”.
O presidente nacional do PEN afirma que o processo do japonês foi acelerado para impedir uma eventual candidatura dele. “Por ter pegado essa fama tão grande no país estão com medo de ele ser candidato à presidência. O Judiciário acelerou um processo que já estava para caducar e fizeram em um mês para tentar tirá-lo do páreo”, disse.
O japonês da Federal foi condenado a 4 anos e 2 meses. Preso em junho de 2016, ele ficou um tempo em uma sala da PF mas passou logo ao regime semiaberto. A Justiça lhe determinou o uso de uma tornozeleira eletrônica, com a qual Ishii chegou a efetuar prisões, como a do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro e a do pecuarista José Carlos Bumlai. Já livre do acessório, ele se aposentou da PF em fevereiro deste ano.