Um resultado “injusto”, controverso e que lhe permite o direito de recorrer a uma instância superior. Assim considerou o ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB) ao avaliar o resultado do julgamento da 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que por 3 votos a 2, rejeitou os recursos da defesa dele.
“É um julgamento injusto, mas me consola ver que dois dos desembargadores viram que não há nenhuma culpabilidade minha, não há nenhuma culpa minha”, declarou Azeredo ao Estado de Minas na noite desta terça-feira (24).
O objetivo da defesa no julgamento de ontem era anular a condenação a 20 anos e um mês pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro. O tucano é acusado de ter desviado R$ 3,5 milhões em recursos de três estatais mineiras para sua campanha à reeleição em 1998. Azeredo teve a condenação confirmada pela 5ª Câmara Criminal do TJ em agosto de 2017.
“Dois desembargadores não viram nenhuma forma – nenhum motivo de apenar. Há uma controvérsia. O placar de 3 a 2 mostra isso com clareza. Com um resultado desse tenho que recorrer. Vou apresentar os embargos porque em uma decisão polêmica, com controvérsia, tenho direito a isso.Tenho ainda direito a recorrer ao STJ, para (julgar) o mérito”, comentou o ex-governador.
A defesa do ex-governador informou que já recorreu também ao STJ. Azeredo disse que mantém a confiança de que ainda vai conseguir resultado favorável. “Estou triste, porque é um julgamento injusto. Agora, continuo confiante. Ao final – como bem demonstra os placares, 5 a 3 para abrir o processo, depois 2 a 1 no primeiro julgamento e 3 a 2 no segundo julgamento, poderemos ver que não é uma questão definida”, salientou Azeredo, lembrando que “se fosse 3 a 0 ou 5 a 0” seria diferente.
O tucano voltou a se defender das acusações, lembrando que “o julgamento mostrou a divisão clara entre os desembargadores. Efetivamente, não existe nenhuma prova lá (no processo) contra mim. As 25 testemunhas arroladas pelo Ministério Publico me inocentaram”. O ex-governador lembrou ainda que não teve nenhum proveito pessoal no processo em que é acusado, que teve motivação eleitoral, sem ligação com a Operação Lava-Jato. “É um processo eleitoral, não tem nada a ver com a Lava-Jato ou com mensalão. Não teve nenhum benefício pessoal pra mim. Não enriqueci na vida pública”’, declarou.
Embora não tenha dito diretamente, Eduardo Azeredo afirmou que entende que a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorrida no último dia 7, interferiu na sua condenação pelo TJMG. “Vivemos um período de caça às bruxas, sim, não há dúvidas. Não quero nominar, mas o período que o Brasil vive é um período realmente de ódio, de as pessoas desejarem o pior para os outros”, comentou.