Com placar apertado, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) confirmou a condenação do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB). A 5ª Câmara Criminal decidiu por 3 votos a 2 manter a pena de 20 anos e um mês de prisão pelos crimes de peculato e lavagem de dinheiro durante o período em que o tucano era chefe do Executivo. A defesa de Azeredo já recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para evitar a prisão e fazer com que o processo retorne à primeira instância. E se perder, recorrerá ao Supremo Tribunal Federal.
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Por que Eduardo Azeredo ainda não será preso? Entenda Maioria do TJ vota pela manutenção da condenação de AzeredoDefesa diz que dirigentes eximem Azeredo de 'qualquer responsabilidade' HC que pode adiar prisão de Azeredo está nas mãos de relator no STJAzeredo ganha mais tempo para recorrer de condenação no mensalão mineiroDefesa de Azeredo entra com novo recurso no TJ contra condenação de ex-governadorTJ de Minas publica decisão que manteve condenação de Eduardo AzeredoAzeredo diz que placar apertado abre margem para ser inocentado no STJO relator do processo, desembargador Júlio César Lorens, negou os embargos infringentes a Azeredo, alegando que ele era responsável pela “posse do dinheiro desviado”. Ele destacou que a prisão pode ocorrer apenas depois de a sentença transitar em julgado na segunda instância.
O plenário ficou lotado durante o julgamento. Frente a uma prisão iminente, desembargadores mencionaram diversas vezes o julgamento do STF sobre o habeas corpus do ex-presidente Lula, que reforçou o entendimento de prisão após esgotados os recursos em segunda instância.
Já os desembargadores Alexandre Victor de Carvalho e Eduardo Machado deram voto contrário ao relator e acolheram o recurso da defesa. “Em se tratando da pessoa de Azeredo, ninguém nunca ouviu nenhum envolvimento dele com política ou outra coisa”, afirmou Machado. Azeredo já foi senador e deputado federal e, em 2014, renunciou de sua cadeira na Câmara dos Deputados para adiar a sentença desse processo.
De acordo com denúncia do Ministério Público em 2007, o mensalão tucano desviou recursos de estatais mineiras, como a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), a Companhia Mineradora de Minas Gerais (Comig) e o hoje extinto Banco do Estado de Minas Gerais (Bemge), para a campanha de Azeredo pela reeleição em 1998, quando foi derrotado pelo ex-presidente Itamar Franco. “Sua campanha (de Azeredo) funcionou como laboratório de esquema de corrupção que se alastrou no meio político”, reafirmou o procurador de Justiça Antônio de Padova Marchi Júnior. Diferentemente do mensalão do PT, o esquema em Minas não envolve pagamentos a deputados.
O julgamento do mensalão tem deixado a Câmara do TJ dividida.
RECURSOS À VISTA A defesa vai recorrer no TJ e também já entrou com pedido de habeas corpus no STJ. “No pedido de habeas corpus, a defesa aponta que a condenação tem vício que levaria o processo de volta à primeira instância. “O habeas corpus aponta essa nulidade.
O procurador de Justiça Antônio de Padova reconheceu que a vitória foi apertada e, por isso, torna a prisão em segunda instância desconfortável. Apesar da declaração, o procurador reitera que o pedido do MP é pela prisão de Azeredo. “O MP fica até constrangido com julgamento tão apertado. Mas tem o outro lado de que o processo se arrastou por 20 anos. A sociedade tem que debater isso melhor”, disse..