Atibaia (SP) – A quase 20 quilômetros do Centro de Atibaia, cidade localizada a uma hora de carro de São Paulo, o Sítio Santa Bárbara, tema do próximo processo enfrentado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a ser julgado, se transformou em verdadeira atração turística na região. Não apenas entre os moradores, mas de visitantes que vão ao município, distante 66 quilômetros da capital paulista, para fugir da poluição e da rotina exaustiva da metrópole. Localizada no Bairro Portão, a propriedade fica em uma viela perpendicular à rua principal. A entrada, um tanto quanto discreta, é da largura de apenas um carro. O jardim que dá acesso ao local está bem cuidado. A pintura, em dia.
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Desde março de 2016, na 24ª fase da Operação Lava-Jato, quando a propriedade foi investigada pela primeira vez pela Polícia Federal, moradores relatam que o clima na região mudou. Há a suspeita de que o ex-presidente teria recebido das empreiteiras OAS, Odebrecht e Schahin propinas no valor de R$ 1 milhão, por meio de reformas no sítio. “Foi uma correria doida no dia em que os ‘polícia bravo’ vieram aqui. Era helicóptero para tudo quanto é lado. Foi assim que descobrimos quem poderia ser o dono do lugar . Nunca imaginamos”, lembrou um morador da região.
À reportagem do Estado de Minas/Correio Braziliense, uma das vizinhas disse que é mais comum ouvir perguntas sobre o local que de fato encontrar curiosos nas redondezas.
A reportagem percorreu o trajeto desde o Centro de Atibaia até o sítio. A entrada para a chácara é escondida, é necessário saber com precisão onde é localizada – ou conhecer muito bem a região. Antes de chegar à casa, há uma ponte estreita que parece não receber manutenção há algum tempo.
Para a população, a polêmica nada influenciou na vida da comunidade. Não sabem se o proprietário é o petista, ou se é um colega dele. Mas, como em um consenso, agradecem a antena de telefone instalada no portão. “Não sou petista. Ainda não sei nem em quem vou votar neste ano.
DELAÇÕES RETIRADAS
O segundo processo que envolve o sítio de Atibaia está cada vez mais próximo da sentença. O Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, decidiu retirar trechos de delações de ex-executivos da Odebrecht dos processos que envolvem o petista. Para três dos cinco ministros da Segunda Turma, as partes nas quais os delatores relatam o suposto repasse de verbas indevidas para Lula, incluindo a reforma do sítio, não estão relacionadas diretamente com a Petrobras, alvo da investigação original da Lava-Jato. Portanto, não deveriam ser consideradas pelo juiz Sérgio Moro.
Os indícios
Confira informações que, segundo o Ministério Público, ligam Lula ao sítio
>> A relação próxima entre os proprietários formais com o ex-presidente e seus familiares
>> Veículos de utilização do ex-presidente teriam ido ao sítio mais de 250 vezes entre 2011 e 2016
>> Agentes de segurança pessoal do petista também estiveram no local por centenas de vezes e, inclusive, instalaram câmeras de segurança na propriedade
>> Mensagens eletrônicas foram trocadas entre o caseiro da chácara e o Instituto Lula
>> A localização de diversos bens pessoais de Lula e de seus familiares, como vestuários, vinhos e um barco, que leva o nome do petista e da mulher Marisa Letícia
>> A apreensão de notas fiscais emitidas com o nome da ex-primeira-dama sobre bens encontrados no sítio. Há também faturas em nomes de auxiliares de Lula e de empregados da Odebrecht no apartamento do ex-presidente em São Bernardo relacionadas a bens encontrados na chácara
>> Dois pedalinhos ficam estacionados no lago do sítio com o nome dos dois netos do ex-presidente: Pedro e Arthur
>> A cozinha do local foi reformada pela mesma empresa que fez a cozinha do tríplex do Guarujá (SP)