A rejeição à corrupção e o desgaste da classe política parecem não assustar os parlamentares mineiros que tentarão nas urnas o aval para continuar mais quatro anos na Assembleia Legislativa. A expectativa, apesar de parlamentares ocuparem diariamente o noticiário em operações da Lava-Jato, é que a média histórica de renovação de menos de 40% seja mantida.
Desde 1986, quando a Assembleia teve recorde de renovação, com 49 novos deputados (64%), o percentual de mudança de cadeiras vem caindo. A tendência se confirmou no último pleito. Embora a insatisfação contra os políticos tenha atingido um de seus picos com as manifestações de 2013, o Legislativo mineiro teve o menor índice de renovação registrado nas últimas eleições, em 2014, com 33,77% de caras novas entres os eleitos. Na eleição de 2010, esse índice havia sido de 35% e na de 2006, 40,25%. Em 2002, a mudança nas cadeiras foi de 46,75%.
Agora, apenas o deputado estadual Anselmo José Domingos (PTC) anunciou que não vai concorrer nas eleições. Outros oito parlamentares – Fred Costa (PEN), Lafayette Andrada (PRB), Rogério Correia (PT), Gilberto Abramo (PRB), Paulo Guedes (PT), Ulysses Gomes (PT), Fabiano Tolentino (PPS) e Felipe Attiê (PTB) – tentarão vaga de deputado federal e os 68 restantes lutam para permanecer com as atuais vagas.
O líder da Minoria, deputado Gustavo Valadares (PSDB), reconhece que o momento é ruim para a classe política, mas acredita que a eleição não terá mais alteração do que a média histórica. “Como temos uma maioria de pessoas de bem, a tendência é que permaneça a média de 30% a 40% de renovação”, disse.
Questionado se o fato de estar com mandato o deixaria em vantagem na disputa, Valadares diz não ver a situação assim, apesar da estrutura que o cargo lhe oferece. “Até porque o sistema proporcional cria possibilidade nas chapas dos partidos pequenos para se eleger com menos votos e há perspectiva de mais facilidade. Obviamente, o fato de eu me dedicar ao mandato pode me trazer respaldo maior do que os outros”, afirmou.
Para o líder da Maioria, deputado Tadeu Martins Leite (MDB), independentente do índice de renovação que for alcançado, a expectativa é de que a população analise muito mais o perfil dos candidatos, estando ou não nos mandatos. “O eleitor vai fazer análise mais minuciosa antes de votar. Acredito que por essa resistência à classe política também deve ter abstenção considerável”, disse.
Leite, eleito duas vezes o deputado mais jovem da Assembleia, afirma considerar que o mandato não é mais uma vantagem sobre os demais candidatos. “Hoje estão colocando todos que estão na vida pública na mesma seara, então, acaba sendo uma desvantagem. Mas conseguindo mostrar nosso trabalho e propostas com clareza conseguimos reverter as dificuldades”, avalia.