São Paulo, 11 - Os limites para gastos na eleição presidencial resultarão em um efeito colateral de diminuir o número de candidatos ao Planalto, avaliou nesta sexta-feira, 11, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-ministro Nelson Jobim. Para o jurista, partidos médios devem abrir mão de uma candidatura majoritária para garantir recursos na eleição de deputados e senadores.
Na opinião de Jobim, o DEM e o PRB, que lançaram pré-candidatos às eleições de outubro, devem se coligar com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). Já no campo da esquerda, ele vê a possibilidade de o PCdoB não registrar a candidatura de Manuela d'Ávila se o PT tiver candidato próprio.
Citando o Podemos e o Partido Novo, o ex-ministro destacou que essas legendas devem manter suas candidaturas. De um lado, o senador Alvaro Dias (Pode-PR) ainda tem quatro anos de mandato no Senado e manter seu nome na disputa fortalece a legenda, citou. De outro, o Novo deverá manter o empresário João Amoêdo na corrida para ter o "mínimo de visibilidade", mas tende a se esvaziar pela cláusula de desempenho nas eleições de 2022, na avaliação de Jobim.
"Há um estímulo legal para não haver candidaturas nacionais, ou seja, reduzir a possibilidade de candidatura a presidente para assegurar maior recursos para deputados federais. Isso significa que não teremos essa quantidade imensa de candidaturas nacionais", disse Jobim, durante palestra organizada pelo escritório Bonini Guedes na capital paulista.
Conforme projeções citadas por Nelson Jobim, sete partidos políticos (MDB, PT, PSDB, PP, PSD, PSB E PR) concentrarão 61% do fundo eleitoral destinado a campanhas políticos. Como o teto para gastos de candidaturas ao Planalto é de R$ 70 milhões, uma corrida presidencial retira uma quantidade importante de dinheiro que poderia ser usado para o fortalecimento de bancadas parlamentares.
(Daniel Weterman).