O PT desistiu das negociações com o MDB pela retirada do processo de impeachment do governador Fernando Pimentel (PT) em troca de uma composição nas eleições e vai manter a pré-candidatura da ex-presidente Dilma Rousseff ao Senado por Minas Gerais. A estratégia é derrotar o presidente da Assembleia Adalclever Lopes no voto, no plenário da Assembleia Legislativa. Para isso o governo vai usar todas as suas armas.
Nessa quinta-feira, a militância deu uma mostra disso e transformou o lançamento do filme ‘O processo’ em um ato de apoio ao nome da petista na pré-campanha para se tornar senadora. O mote “Dilma senadora” foi usado em faixas e cartazes pelos petistas que lotaram a sessão de cinema com a estreia do filme que mostra os bastidores do impeachment.
Segundo fontes ligadas a Pimentel, o governo já entendeu que não há mais possibilidade de acordo com o MDB e vai partir para a eleição com uma chapa forte, com Dilma concorrendo para o Senado. “Não tem mais nenhum tipo de possibilidade de acordo. Eles querem manter o processo de impeachment só para aumentar o desgaste do governo. Sabem que não tem força para aprovar”, disse.
O governo, por sua vez, vai usar do que tem. Cargos e liberação de emendas estão sendo negociados com os aliados e possíveis novos apoiadores, nos bastidores. A conta é que Pimentel só precisa de 26 votos a seu favor para impedir que o processo de impeachment se instaure. A diferença de articulação entre ele e a ex-presidente Dilma, que perdeu seu mandato, é gritante. Pelos cálculos do governo, Pimentel tem pelo menos 40 votos garantidos.
Impeachment
A pré-candidatura de Dilma ao Senado, com a transferência do título dela para Belo Horizonte, foi o estopim para uma crise com o MDB, que sustentou o governo Pimentel no Legislativo. Adalclever esperava ser o único nome forte a concorrer na chapa do PT ao Senado, apesar de este ano duas vagas estarem em disputa.
Nessa quarta-feira, o emedebista deu mais uma mostra de que vai seguir com o pedido de impeachment apresentado pelo advogado Mariel Marra. A Mesa aprovou o rito do processo, que foi publicado nesta sexta-feira no Diário Legislativo.
O deputado Rogério Correia negou que o PT tenha encerrado as conversas com o MDB e atribuiu a informação a "fogo amigo". O petista disse considerar natural que Adalclever tenha aceitado analisar a denúncia contra Pimentel e disse que a estratégia do partido segue sendo a de convecer que não há argumento jurídico para o impeachment. É o que o PT tenta com duas questões de ordem que serão avaliadas por Adalclever.
Correia também negou que sua participação no lançamento do filme sobre Dilma tenha alguma relação com o desentendimento entre os dois partidos e lembrou que ele sempre foi um entusiasta da candidatura de Dilma ao Senado.
"O ato de ontem não foi iniciativa do PT e muito menos do Governo . Foi chamado pelo grupo Alvorada e eu participei . E por mim a chapa ao Senado seria Dilma/Adalcléver . Acho Irresponsável quem fala sem revelar quem é e ainda se diz próximo ao Governador. Fogo amigo e perigoso".
Correia (PT), que participou do ato de apoio à candidatura de Dilma, disse acreditar em uma aliança com o MDB. “Havendo aliança do PT com o MDB, na minha opinião, a candidatura do Adalclever ao senado pode vir junto. Não há impedimento nisso e acho que até reforça. Ela (Dilma) alavanca as duas candidaturas e o segundo voto do PT certamente seria dele”, disse.