Jornal Estado de Minas

Prefeitura mantém campanha sobre ter filhos e diz que quis provocar o 'debate'


O que era para ser mais uma campanha publicitária colocou a prefeitura de uma pequena cidade no Rio Grande do Sul no centro de uma polêmica que rendeu debates essa semana nas redes sociais. “Só tenha os filhos que puder criar”, diz o outdoor espalhado em Quaraí, que também faz um questionamento aos possíveis pais: “Não tem condições emocionais, pessoais e econômicas? Pense bem antes de ter filhos”.

A campanha passou a ser reproduzida nas redes sociais e gerou várias críticas. Muitos entenderam que o cartaz seria direcionado aos pobres, como uma forma de discriminação. Outros aplaudiram a iniciativa.

O prefeito da cidade, Mario Raul, não quis se pronunciar sobre o assunto. Coube à secretária de Saúde Fabiana Saldanha explicar e dizer que a campanha é permanente. Ela comemorou a repercussão da campanha e disse que o objetivo era provocar o debate sobre planejamento familiar.

 

Campanha cumpriu objetivo

“Atingimos o objetivo e estamos muito felizes por contribuir para esse debate. Se foi boa ou ruim, o importante é ter repercussão e fazer esse trabalho para que as pessoas pensem sobre o assunto”, disse.

Saldanha disse que a ideia da campanha surgiu porque, em 2017, dos 271 nascimentos na cidade, 40 filhos eram de mães menores de 18 anos.

A secretária afirmou que o trabalho de conscientização continua sendo feito em escolas e grupos de pessoas e tem o aval incondicional do prefeito.

“A ideia nunca foi direcionar se a pessoa é rica ou pobre, é um debate  muito mais amplo. A intenção sempre foi que as pessoas pudessem externar sua posição e saíssem de sua zona de conforto. É uma campanha permanente de orientação”, disse. A secretária disse ter recebido ligações de representantes de outros municípios querendo levar a polêmica campanha para as suas cidades.

Planejamento familiar


Ao lançar a campanha em janeiro, a Prefeitura de Quaraí registrou em suas redes sociais que, segundo pesquisas, em 55% dos relacionamentos que geraram filhos não houve planejamento e os pais não estavam preparados para a gestação.

"75% dos jovens que tiveram filhos em seus relacionamentos estão fora da escola e sem perspectivas de carreira profissional.
Grande parte das crianças que crescem em famílias desestruturadas e sem condições de criá-las adequadamente são mais suscetíveis à fatores externos nocivos a elas", registrou.

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