São Paulo, 19 - Os doleiros Vinícius Claret, conhecido como Juca Bala, e Cláudio de Souza, acusados de integrar o esquema comandado pelo doleiro dos doleiros Dario Messer, disseram em delações feitas ao Ministério Público Federal que entre 2006 e 2013 pagaram mensalmente uma taxa de proteção de US$ 50 mil (cerca de R$ 186 mil ao câmbio atual). O dinheiro, conforme os relatos, era entregue ao advogado curitibano Antonio Figueiredo Basto e um colega dele cujo nome não foi informado.
O advogado é considerado um dos maiores especialistas do Brasil em colaborações premiadas. Ele nega a acusação (mais informações nesta página). Na Lava Jato, Figueiredo Basto foi o responsável por negociações e acordos de delação de Lúcio Funaro, Renato Duque, Ricardo Pessoa, entre outros. Em 2004, intermediou o primeiro acordo no modelo atual do País no caso do Banestado, em nome do doleiro e Alberto Youssef - também pivô da Lava Jato -, e homologado pelo juiz Sérgio Moro.
Segundo Claret e Souza, Enrico Vieira Machado, considerado peça-chave no esquema de Messer, passou a exigir entre 2005 e 2006 o pagamento de US$ 50 mil mensais pela proteção de integrantes do esquema. Conforme Claret, Enrico prometia segurança em relação ao Ministério Público e à Polícia Federal. Fontes com acesso ao caso disseram que a proteção seria relativa a futuras delações no caso Banestado.
Enrico passou a dizer que o escritório deveria pagar US$ 50 mil por mês para fornecer uma proteção a Dario e às pessoas ligadas ao câmbio. Que essa proteção seria dada pelo advogado Figueiredo Basto e outro advogado que trabalhava com ele, diz trecho da delação feita por Souza aos procuradores Eduardo Ribeiro Gomes El Hage e Rodrigo Timoteo da Costa e Silva, da Procuradoria da República no Rio.
Taxa.
Segundo as delações, Enrico não dava detalhes da proteção e integrantes do esquema chegaram a se desligar da operação por desconfiar da cobrança. Os pagamentos foram feitos de 2005/2006 até 2013. O colaborador não recebia qualquer tipo de informação verossímil de Enrico. A exigência de tais pagamentos fez com que Najun Turner (doleiro) se desentendesse com Dario e Enrico, pois o mesmo se recusava a pagar, diz outro trecho da delação de Claret.
Souza e Claret, apontados como operadores financeiros do esquema do ex-governador Rio Sérgio Cabral (MDB), foram presos em 3 de março no Uruguai.
O Estado de S. Paulo
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(Ricardo Galhardo).