São Paulo - O doleiro Cláudio Fernando Barboza de Souza, o Tony, delator da Operação Câmbio, Desligo, afirmou que Camilo Lelis de Assunção, preso em Belo Horizonte durante a ação da Polícia Federal, usou uma conta no exterior ligada a uma empresa da família do ex-governador de Minas Newton Cardoso (MDB) para operar. Segundo ele, Camilo e outro "doleiro da capital mineira (José Carlos Saliba) atendiam as operações maiores, notadamente do senhor Cardoso".
Newton Cardoso governou Minas entre 1987 e 1991. O emedebista, de 80 anos, foi deputado federal por três mandatos (1979-1983, 1995-1996 e 2011-2015).
Camilo Assunção foi preso preventivamente na Câmbio, Desligo e está custodiado no sistema penitenciário estadual do Rio. De acordo com Tony, foi Camilo quem lhe contou sobre suas supostas relações com Cardoso. Tony contou ainda que, em 90% de suas transações com Camilo, seu colega de Belo Horizonte lhe vendia dólares.
Aos procuradores, Tony contou que, "em algumas oportunidades", vendeu dólares para Camilo no exterior e recebeu reais em Belo Horizonte. "Nas operações que Camilo vendia dólares ao colaborador, Camilo já comentou com o mesmo que o dinheiro era oriundo da empresa Demetal, relacionada à família de Newton Cardoso", afirmou.
Defesas
A reportagem não conseguiu contato com Newton Cardoso. O advogado Marcelo Leonardo, que defende Camilo, disse que seu cliente "não é doleiro e nunca operou para o ex-governador e nem para ninguém". "Há, na investigação, apenas a palavra de delator, sem qualquer prova de corroboração." O advogado Carlos Alberto Arges Júnior, que defende Saliba, afirmou que ele "desconhece qualquer operação de câmbio envolvendo o ex-governador". As informações são do jornal
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