Quando o Ministério do Trabalho chegou às mãos do PTB, em maio de 2016, o discurso do deputado Ronaldo Nogueira (PTB-RS), que assumiu a pasta na época, era de que o governo priorizaria “o diálogo e o respeito” na condução das atividades. Passados mais de dois anos desde que o petebista fez essa afirmação, o número de escândalos envolvendo o ministério continua chamando mais a atenção, muitas vezes, que a atuação de quem passa por lá. A pasta se mantém nos holofotes não pelo desenvolvimento de políticas para conter o desemprego, mas pelas acusações de envolvimento em práticas criminosas por parte de servidores do alto escalão.
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Ministério do Trabalho afasta investigados pela PFMinistério do Trabalho suspense análises de registro sindical após ação da PFApadrinhado pelo PTB, jovem de 19 anos vira gestor financeiro do Ministério do Trabalho PTB e Solidariedade 'tomaram de assalto' o Ministério do Trabalho, diz PFAlém dele e do líder petebista, o presidente nacional do partido, Roberto Jefferson, também é investigado na operação, assim como os deputados Paulinho da Força (SD-SP) e Wilson Filho (PTB-PB). Todos negam as acusações. Jefferson afirmou que o partido jamais participou de negociações espúrias no Ministério do Trabalho e garantiu que, se for constatado envolvimento de petebistas no esquema, eles “devem assumir suas responsabilidades perante a sociedade”.
O escândalo é mais um episódio da história do ministério. Apenas nos dois anos de governo Michel Temer, a pasta já esteve em evidência por motivos questionáveis pelo menos outras três vezes.
Deputada enrolada
Pouco antes disso, em janeiro, a pasta esteve por mais de um mês em destaque nos noticiários, quando Jefferson indicou a filha, a deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), para assumir o comando do ministério após a saída de Ronaldo Nogueira.
A parlamentar foi alvo de duras críticas e teve a posse barrada judicialmente por ter sido condenada em dois processos trabalhistas. A situação gerou incertezas e mais exposição à pasta, que passou um mês com uma ministra nomeada, mas sem condições de ser empossada. O cenário ficou ainda pior porque o governo insistiu no nome, e a Justiça teve que intervir para proibi-la definitivamente de assumir o cargo. Só então, o atual ministro, Helton Yomura, ocupou o lugar da deputada.
No fim de 2017, Nogueira também teve sua cota de exposição negativa ao editar uma portaria sobre o trabalho escravo que foi criticada até por organismos internacionais de defesa dos direitos humanos.
O desgaste, em poucos meses, é tanto que interlocutores do presidente Michel Temer afirmam que ele tirará das mãos do PTB o comando do ministério. O principal motivo para ele não ter batido o martelo ainda em relação a isso é a necessidade de apoio político para o exercício do mandato. Em troca da pasta, Temer conta com o apoio do partido na Câmara, que tem 15 deputados. Como faz bloco com o Pros, domina 26 parlamentares.
Para o deputado Josué Bengtson (PTB-PA), perder a pasta “não faria diferença nenhuma” para o partido. “É um ministério porcaria. O que ele faz para os municípios, além de carteira de trabalho?”, questionou. Para o parlamentar, “até agora o PTB não teve nada de positivo por ter Ministério do Trabalho”.
O Ministério do Trabalho abriu sindicância administrativa para apurar responsabilidades e punir os envolvidos nas irregularidades, mediante a aplicação das penalidades cabíveis. Em nota, a pasta afirmou que os servidores envolvidos nas investigações foram dispensados dos cargos de confiança que ocupavam. Politicamente, entretanto, a repercussão não deve ser muito grande, avaliou o diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antonio Augusto Queiroz. “O efeito na eleição será mais residual, porque o PTB não é um partido que atrai votos pela sigla, mas pelos nomes, individualmente. É diferente de um ideológico, como o PT, que tem eleitores do partido”, explicou..