A pouco mais de quatro meses das eleições, 11 pré-candidatos ao Palácio do Planalto falaram ontem sobre as suas principais pautas durante sabatina promovida pelo Correio Braziliense, do Grupo Diários Associados, em Brasília.
Os temas abordados foram saúde, educação, reformas tributária e da Previdência, segurança pública e contas públicas, além de desemprego e a crise dos combustíveis. O evento Correio Entrevista – Pré-candidatos 2018 foi transmitido ao vivo pelo site do jornal.
Foram entrevistados os pré-candidatos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto. Confira nestas duas páginas o que eles disseram durante a uma hora em que foram questionados pelos jornalistas, de acordo com a ordem da sabatina.
“Temos um governo desarticulado, uma base desorganizada”
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Rodrigo Maia (DEM)
Presidente da Câmara dos Deputados. É primeiro nome da legenda na disputa ao Planalto desde 1989, quando Aureliano Chaves concorreu à Presidência pelo então PFL
Para Rodrigo Maia, é essencial na nova gestão o controle de despesas, para que o Estado tenha gastos onde é importante gastar. “Sem controle de gastos não é possível atender à população nas três áreas fundamentais: segurança, saúde, educação.” Ao longo do debate, Maia adotou um tom de crítica à gestão Temer. “Precisamos que o Estado atenda à sociedade, não a núcleos públicos e privados que, muitas vezes, tomam conta do estado sem gerar emprego, benefício, sem aumentar a produtividade. Esse é o caminho”, ponderou. Questionado sobre a postura do Congresso, que não aprovou quase nenhuma medida proposta pelo governo, prejudicando até algumas áreas essenciais ao país, ele esclareceu que tem trabalhado em conjunto, mas que as resistências estão na Câmara. “Temos uma agenda pactuada com líderes, com a equipe econômica. Como disse, todas as resistências estão na Câmara, mas temos um governo desarticulado, uma base desorganizada, e isso atrapalha.” Para Maia, as crises que assolam o país dificultam o avanço de uma agenda mais urgente. Para o pré-candidato do DEM, o governo não tem capacidade de investir e as dificuldades são permanentes. “Os estados estão cada vez mais demandando recursos federais. Municípios vêm em seguida.” Maia fez um balanço sobre a intervenção federal na segurança do Rio. Para ele, o processo se fez necessário no final, mas ocorreu sem planejamento, diagnóstico e orçamento. Além do controle de despesas, o presidenciável também se mostrou preocupado com o volume de receitas e defendeu o fim das desonerações.
“Não tem toma lá dá cá. A gente governa com ética e moral”
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Marina Silva (Rede)
Foi ministra do Meio Ambiente nos dois mandatos do ex-presidente Lula. Formada em história, foi vereadora, deputada estadual e senadora pelo PT.
A pré-candidata da Rede garantiu que não se vai se esquivar de temas como as reformas previdenciária e tributária caso seja eleita. “Não para que se perca direitos, mas para que se possa atualizar questões que estão sendo atualizadas no mundo inteiro”, disse. Embora não tenha detalhado como seria a proposta ideal, Marina reconheceu o déficit “dramático” nas contas da Previdência e defendeu mudanças nas regras de aposentadoria. Em várias oportunidades, a pré-candidata defendeu com ênfase uma reforma tributária, sem aumento de carga, mas também sem diminuição de impostos. “Dizer que vai reduzir é demagogia para um setor ou é irresponsabilidade com o conjunto da sociedade brasileira”, afirmou. “Os estados, que receberam competências de saúde, educação e moradia, uma série de serviços que a Constituição lhes delegou, não contam com os recursos para fazer frente a tudo isso”, argumentou. A discussão para emplacar as propostas será “na base do diálogo”, garantiu a ex-senadora. “Não tem toma lá dá cá. A gente governa com autoridade política, ética e moral”, reforçou. Segundo ela, muitos dos políticos atuais se escondem atrás do foro privilegiado e se candidatam “mais para ter salvo conduto do que para defender interesse dos cidadãos”. “A população está revoltada em alguns aspectos. A atitude dos candidatos deve ser, em primeiro lugar, de respeito com esse sentimento”, afirmou. Marina disse, a princípio, não ser favorável à privatização da Petrobras, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal. Reafirmou o compromisso contra as fake news e também se posicionou contra os discursos a favor da intervenção militar.
“Uma coisa que o Brasil aprendeu a fazer bem é arrecadar”
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Henrique Meirelles (MDB)
Ex-ministro da Fazenda de Michel Temer, foi o principal executivo mundial do BankBoston e presidente do Banco Central no governo Lula.
O ex-ministro reforçou a necessidade da reforma da Previdência no próximo governo para evitar uma crise maior nas contas públicas, comprometendo o pagamento de aposentadorias e de salários. “A discussão não é se a reforma da Previdência vai ser feita, mas é quando. Ela é inevitável”, afirmou Meirelles. Segundo o pré-candidato um dos objetivos da atua proposta é corrigir as distorções hoje existentes. O ex-ministro reconheceu que a carga de impostos é muito pesada e o governo precisa voltar à questão de reduzir as despesas diante dos déficits nas contas públicas. “Uma coisa que o Brasil aprendeu a fazer bem é arrecadar, mas há muita distorção”, afirmou. Segundo ele, é preciso fazer uma reforma em acordo com estados e municípios, e uma reforma abrangente, de forma a “proporcionar mais justiça tributária”. Ele reforçou que a recuperação da economia ainda está em curso e esse é o capital político que ele defende em sua campanha. “O Brasil cresceu depois da maior recessão da história e isso é inquestionável. Não é só discurso”, afirmou. Em meio à polêmica dos combustíveis, na sua avaliação, a criação de um fundo de estabilização dos preços dos combustíveis evitaria o problema atual do ajuste diário, compensando altas e baixas muito fortes nos preços. Com isso, explica, a atual política da Petrobras, seria preservada. Meirelles defendeu a pulverização do capital da Petrobras e de outras estatais, de forma a assegurar que a administração fique mais profissional, mas sem criar monopólios. Defendeu também a privatização do Banco do Brasil e da Caixa, mas também pulverizando o capital e evitando que um banco nacional tenha o controle e monopolize o mercado.
“Presídio cheio é um problema de quem cometeu o crime”
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Jair Bolsonaro (PSL)
Foi o mais votado para a Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro, nas últimas eleições, com 464.565 votos. Elegeu-se pela primeira vez em 1990. Até hoje, passou por sete partidos.
O deputado federal defendeu medidas “radicais” para combater o problema da segurança pública no Brasil. Tornou a falar sobre a flexibilização para uso e porte de arma de fogo pelo cidadão comum. “Em algumas coisas tem que ser radical. Só temos uma vida”, disse. “Não vem com essa história de presídio cheio. Isso é um problema de quem cometeu o crime. Eu sei que não é fácil”, afirmou. Buscou se apresentar também como um candidato honesto, que, se eleito, não governará na base do toma lá dá cá. Bolsonaro disse contar com as redes sociais e com crowdfunding (financiamento coletivo). “Se eu chegar lá, é sinal de que quem votou em mim votou com razão e com o coração.” Criticou novamente o “politicamente correto”. “Isso do politicamente correto é coisa dos radicais de esquerda. (…) Na escola, você é chamado de quatro olhos, gordinho mesmo. Mas, antes, o gordinho se defendia. E agora está virando mariquinha”, disse. Antes defensor do papel do Estado, Bolsonaro passou a flertar com o liberalismo e a defender privatizações “em certos casos”, embora não tenha dito quais. Perguntado se essa mudança não gera desconfiança, disse: “A desconfiança é natural, mas sou uma pessoa de palavra”. “Tenho para mim que a Petrobras é uma empresa estratégica. O que aconteceu com a questão dos combustíveis? Qual é a função social de uma estatal?”, questionou. Sobre a greve dos caminhoneiros, Bolsonaro acredita que teria conseguido barrar a crise. “Se eu fosse presidente, não teria havido questões dos caminhoneiros, porque havia dois anos eu já os acompanhava pelo Brasil”, afirmou. Defendeu o “resgate dos valores familiares”, criticando as discussões de diversidade sexual e de igualdade de gêneros nos colégios.
“Mudamos ou seremos atropelados. É questão de inteligência”
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Álvaro Dias (PodeMOS)
Senador, é autor da PEC que propõe o fim do foro privilegiado que tramita na Câmara dos Deputados. Começou a carreira no antigo MDB, antes de se tornar PMDB.
O pré-candidato do Podemos defendeu que é preciso uma “refundação da República”. De acordo com ele, o país nasceu com um “gravíssimo defeito de origem”, porque, historicamente, “uma minoria governa o país e explora o esforço coletivo”. O senador defendeu um pacto social para renovar a política e a governança no país. Dias reforçou reiteradas vezes que as leis são elaboradas para serem descumpridas ou serem interpretadas “ao sabor da conveniência”. De acordo com ele, os pedidos extremistas de pessoas para intervenção militar no país retratam a angústia e desespero dos eleitores. Dias acredita que estas eleições serão uma oportunidade para as “pessoas lúcidas” exercerem o protagonismo. “Essa participação da sociedade nesse movimento pode evitar essa tragédia política que existe hoje. Há um caos administrativo, um lamaçal de corrupção”, disse. Defendeu que é preciso reduzir o tamanho do Estado brasileiro, cortando o número de senadores, deputados, secretarias e ministérios. Também afirmou que é preciso diminuir o número de empresas estatais, que atualmente são 146. Disse, porém, que não pretende vender a Petrobras, Caixa e Banco do Brasil. “Agora, o controle tem que ser estatal, mas não pode ser com essa política de preços atual, de lucro a qualquer custo.” Declarou ainda que o Legislativo terá que aceitar os anseios da sociedade. “Ou nós mudamos ou seremos atropelados”, disse. “É uma questão de inteligência.” O senador, que passou por cinco legendas, destacou que é preciso também diminuir o número de partidos. “Mudei de siglas para não barganhá-las. Até hoje não encontrei, tanto que hoje estou num movimento (Podemos)”, ressaltou.
“Se eu for eleito, quero ladrão do MDB como oposição”
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Ciro Gomes (PDT)
Advogado e professor universitário, é vice-presidente do partido. Foi prefeito, deputado estadual e federal, governador do Ceará e ministro da Fazenda de FHC e da Integração Nacional de Lula.
O ex-ministro defendeu o fim de privilégios, a manutenção de estatais e a revogação da emenda constitucional que estipula o teto dos gastos. Prometeu sanar as contas públicas em dois anos e disse que, para isso, pretende aplicar uma tributação progressiva sobre herança, renda e remessas ao exterior e diminuir a carga de impostos sobre os trabalhadores e a classe média. Sobre o concorrente Jair Bolsonaro, Ciro foi implacável: “É um boçal desorientado. Temos obrigação de extirpar esse câncer enquanto ainda pode ser extirpado”, disse. Ciro afirmou que pretende colocar a “sua prática a serviço da nação brasileira”. “Não tive um dia de deficit na minha mão. (…) Tenho segurança de que o setor público pode ser administrado com celeridade”, ressaltou. Reconheceu que o país vive uma crise sem precedentes na segurança pública e defendeu a criação de um sistema nacional de segurança. “Não empurrar isso para os estados, unificando os serviços de inteligência.” Afirmou que, se for eleito, quer o MDB de Michel Temer e Romero Jucá na oposição ao seu governo “Ladrão do MDB vai me fazer oposição”, bradou. Ele criticou a política adotada pelo Banco Central. “Hoje, 30% da capacidade instalada da indústria estão ociosos, então, a inflação não foi por demanda excessiva. Não adianta subir juros e encarecer o crédito para combater essa inflação. O governo subiu a energia, aumentou o gás de cozinha em 90% e botou o litro da gasolina a R$ 5. E a inflação é de 2,56%”, comentou. Ciro alertou que a reforma da Previdência proposta pelo governo economizaria R$ 360 bilhões em 10 anos. “Só o déficit do ano passado foi de R$ 180 bilhões. Que reforma é essa, com a perversão de empurrar mais 10 anos de trabalho aos trabalhadores, sem mexer nos privilégios?”
“Este governo consegue chegar ao fim do ano devendo”
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Paulo Rabello de Castro (PSC)
Ex-presidente do BNDES, quando deixou o cargo para lançar sua candidatura à Presidência, saiu criticando a equipe econômica de Michel Temer.
O pré-candidato pelo PSC declarou que, se eleito, as palavras-chave para seu governo serão “simplificação” e “eficiência”. Ele prometeu estratégias incisivas contra a desigualdade social, pela melhoria da educação e da segurança pública. Como uma das medidas para enfrentar o desemprego, o pré-candidato afirma que o governo deve passar da fase assistencialista do mais pobre para dar um “novo rumo” ao povo, baseado em capital. “Sei onde o dinheiro está, sei porque, então sei como faremos essa modificação. Tem mais de R$ 1 trilhão que pode ser redistribuído sem ter que tirar do bolso do mais pobre e sem aumentar a tributação. É um esquema de, sobretudo, criatividade”, afirmou. “E como tem dinheiro esse país! Este governo consegue chegar ao final do ano devendo. É um absurdo.” Além de reformular a reforma da Previdência e, assim, dar “mais dignidade” ao trabalhador, Rabello pretende aprimorar a educação do país. Para Rabello, a solução é tornar o ensino básico integral e capacitar cada vez mais os professores. “Eficiência é a palavra-chave.” Disse ainda que, para corrigir as distorções do sistema tributário brasileiro, será necessário realizar uma reforma. “Tem que começar tudo de novo. O sistema não existe mais. É um conjunto de puxadinhos. É o pior sistema até hoje.” O pré-candidato do PSC disse, ainda, ser a favor da prisão perpétua. “Não se pode perder tempo com indivíduo violento. Ele tem que trabalhar para honrar a família da vítima e partilhar os recursos do trabalho na prisão. O dinheiro hoje sai para o ladrão. É um desperdício.” Segundo Rabello, o país necessita urgentemente de um programa de combate à corrupção. “O governo é a fonte da nossa estagnação. Estamos fartos do governo convencional e dos políticos tradicionais.”, finalizou.
“Temos Boulos, Ciro, Lula e eu. O outro lado tem 14 nomes”
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Manuela D’ Ávila (PCdoB)
Jornalista, é deputada estadual no Rio Grande do Sul. Foi deputada federal por dois mandatos e líder do partido na Câmara.
A presidenciável do PCdoB disse que a ineficiência do Estado brasileiro é um desafio que o país tem e uma das razões que a levaram a ser candidata. “O Estado tem que ser garantidor de um conjunto de políticas públicas de educação, saúde e segurança”, resumiu. Para ela, o Estado brasileiro incrementou ferramentas de combate à corrupção, mas ainda assim não foi possível garantir que novos casos acontecessem. “Temos que refletir por que nossas ferramentas ainda não estão surtindo efeito”, explicou. Manuela diz que o projeto de privatização de empresas brasileiras foca em companhias estratégicas. “Querem privatizar a Petrobras, a Eletrobras, que são empresas essenciais para a retomada do crescimento e para o Brasil sair da crise. Não é um debate moral, mas estratégico”, critica. Ela também propõe um debate sobre a carência da previdencia.`“Temos dois debates. Um sobre o real tamanho do déficit. E também a sonegação. São dados que temos baixo acesso”, disse. Defende uma reforma tributária que onere menos os pobres. Garante que não desistirá da candidatura para a criação de uma chapa única de esquerda. “Existe uma insistência em dizer que a esquerda está fragmentada. Nós temos Boulos, Ciro, Lula e eu. O outro lado tem 14 candidatos”, defende. Sobre a prisão do ex-presidente Lula se limitou a dizer que “ele é vítima de uma prisão política”. A pré-candidata defende a reforma do sistema de segurança pública e focar no combate de homicídios e crimes sexuais. “Subestimamos o reflexo da violência na vida do brasileiro.” Perguntada se seu perfil progressista não atrapalharia determinadas negociações caso seja eleita, afirmou acreditar na possibilidade de diálogo. “Precisamos de um Estado para garantir políticas públicas e não julgar os brasileiros por suas crenças, escolhas e modo de vida.”
“A mãe das reformas é a do sistema político brasileiro”
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Guilherme Afif Domingos (PSD)
Presidente do Sebrae, será a segunda vez que o administrador concorrerá
à Presidência da República. A primeira foi em 1989.
O pré-candidato do PSD defendeu a convocação de um plebiscito sobre a reforma política e afirmou que a crise vivida pelo país é de Estado, “não de Nação”. Para Afif, “a mãe das reformas é a reforma do sistema político brasileiro”. “Sou a favor de uma convocação de um plebiscito imediatamente para ouvir o povo sobre a reforma política. Se não mudar a estrutura política, nós não vamos resolver os problemas apontados.” “Crise que nós temos é de Estado, não de Nação. Mas o Estado passa a conta para a Nação”, disse. “Chegou a hora de a Nação controlar o Estado.” Defendeu as micro e pequenas empresas, seu foco de atuação nos últimos anos. “Não existe política social que tenha efeito se ela não for geradora de emprego e renda”, disse ao ressaltar a importância dessas empresas. Sobre privatizações, o pré-candidato acredita que se deve acabar com o monopólio. “Pode ser estatal, mas desde que vá acontecer em regime de mercado.” Sobre segurança pública, o pré-candidato alfineta: “O crime se organizou, o Estado, não”. Afif defendeu ainda uma reforma tributária e diz que o cidadão precisa tomar consciência de que é um pagador de impostos: “Brasileiro tem complexo de súdito. “O rei é bom, porque me dá educação”. Não sabe que é ele que paga”. E acrescenta: “Não sou contra o imposto, ele é necessário. Sou contra o que fazem com o dinheiro do imposto.” Ele defendeu corte de privilégios na Previdência: “O Brasil aboliu a monarquia, mas a corte ficou”. Questionado sobre a certeza de ser candidato pelo PSD, alfinetou: “Quem disse que Meirelles quis ser candidato pelo PSD?”. “O sonho dele era ser candidato pelo MDB e vai ter uma enorme dificuldade”, acrescentou. Questionado ainda se o presidente licenciado do PSD, Gilberto Kassab, apoia sua candidatura, Afif provocou: “Ele não discorda”.
“O empresário de conchavo é uma metástase do câncer estatal”
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Flávio Rocha (PRB)
Foi vice-presidente das Lojas Riachuelo. Deixou o cargo para se dedicar à sua segunda candidatura. Em 1994, tentou ser presidente pelo extinto PL, mas desistiu no meio da campanha.
O empresário começou a sabatina afirmando que não deixou o meio empresarial para “ser coadjuvante”, ou seja, vice de outro candidato. “O empresário de conchavo é uma metástase do câncer estatal”, critica Rocha sobre as regalias concedidas a empresários para conseguirem processos licitatórios. “Quanto maior o Estado, mais empresários se deixam seduzir pelos encantos ‘de cima da carruagem’”, argumentou. Negou que seu conceito de Estado mínimo seja o mesmo que o vigente nos anos 1990. “Meu diagnóstico é que sobra Estado onde não deve existir e justamente falta onde deve existir.” Para ele, não falta dinheiro para a educação. “O que falta mesmo é gestão.” Sobre privatizações, como a da Petrobras, disse ser a favor: “Nós temos estados demais”. Segundo ele, a greve dos caminhoneiros mostrou uma “perversa forma” de monopólio estatal. Em relação à segurança pública, o pré-candidato acredita que haja uma “contaminação ideológica”. Citou o “cerceamento da polícia e a vitimização do bandido”, além de dizer que há uma “ditadura do politicamente correto”. Disse ver com preocupação os pedidos de intervenção militar. “Foi um fator determinante para eu levantar da cadeira empresarial e me apresentar como alternativa.” Questionado sobre o apoio que Jair Bolsonaro tem recebido, ele diz que suas posições econômicas são totalmente distintas. Para ele, Bolsonaro quer “bagunçar para governar”. Sobre reforma da Previdência ele diz que o Brasil não consegue pagar a Previdência do jeito que está. “Há que se fazer uma reforma sim. Não só pela questão das desigualdades, mas também pela impossibilidade de se pagar esta conta.” Disse ainda que é o mais desconhecido entre os candidatos, mas não vai mudar seu “nome político” para Flávio Riachuelo.
“Não sou do liberalismo total. Isso é uma incivilização”
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Geraldo Alckmin (PSDB)
Ex-governador de São Paulo, médico e professor universitário, já comandou o estado apulista por quatro vezes. Perdeu a disputa para Lula em 2006.
O pré-candidato tucano defendeu as privatizações, atacou Lula e o PT e disse não se preocupar com os baixos índices nas pesquisas eleitorais. Sobre privatizações, Alckmin disse ser favorável às concessões e às PPPs (parcerias público-privadas), “trazendo a iniciativa privada para colaborar”. “Pretendo privatizar o máximo que eu puder.” Disse ter consciência do importante papel do Estado. “Não sou do liberalismo total. Isso é uma incivilização. O grande come o pequeno. O forte bate no fraco. Agora, o Estado não pode ser inchado, não pode ser problema”, afirmou. Garantiu que vai melhorar a gestão da saúde e colocar mais recurso. “E vou fazer a iniciativa privada pagar. Vamos melhorar o financiamento da saúde, permitindo a quem presta o serviço poder cobrar das seguradoras.” Na educação, pretende investir na educação básica. Segundo o tucano, ganha-se 1% do PIB ao se avançar nessa faixa escolar. Em relação à reforma da Previdência, Alckmin foi questionado sobre o tratamento ao servidor público nos novos modelos: “Igualzinho ao da iniciativa privada. É simplesmente ser justo”. Citou a criação de uma Guarda Nacional subordinadas às Forças Armadas para combater a criminalidade no país. Ressaltou o problema do tráfico de drogas no país. Segundo ele, o Brasil tem “17 mil quilômetros de fronteira seca com os maiores produtores de droga do mundo”. O pré-candidato minimizou sua posição nas pesquisas eleitorais. “Começar com 7%, 8% 10% (das intenções de voto) é ótimo. Eu não disputo uma eleição nacional há 12 anos.” Questionado sobre a situação de Aécio Neves, Alckmin atacou Lula e o PT: “O PSDB não passa a mão na cabeça de ninguém. Todos nós estamos debaixo da lei, contra qualquer tipo de privilégio. Diferentemente de outros partidos que fazem acampamento na porta de penitenciária.”