Ao anunciar a desistência de concorrer ao governo de Minas Gerais para tentar conquistar uma cadeira de senador por Minas Gerais, o ex-deputado Dinis Pinheiro (Solidariedade) movimentou a até então morna disputa pelo Senado. A pouco menos de dois meses do prazo para registrar as candidaturas nas eleições de outubro, a maior parte das conversas partidárias tem como foco principal as alianças em torno do Palácio da Liberdade – articulação que passa também pela composição da chapa majoritária, que inclui candidato a governador, vice, e dois ao Senado.
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Aécio diz que será candidato ao governo de Minas ou ao Senado em 2018Partidos aguardam alianças ao governo do RS para fechar os candidatos ao Senado'Plano B' de Lula na Bahia trabalha para conquistar cadeira no SenadoDos 24 senadores investigados pela Lava-Jato, 17 vão tentar reeleiçãoDecisão do TCE suspende operação financeira do governo de MinasAs articulações do Solidariedade estão sendo conduzidas por Dinis e pelo presidente estadual da legenda, deputado federal José Silva. Por enquanto, não se sabe qual será o destino do Solidariedade nas eleições, mas provavelmente estará ao lado de PSDB, PSB ou DEM. As três legendas já haviam cortejado o partido, mas as pretensões esbarravam na disposição do Solidariedade de lançar candidato próprio a governador. Diante do novo cenário, o PSDB, por exemplo, tenta agendar um encontro com Dinis ainda para hoje. “Nossos objetivos são os mesmos, e os adversários também”, afirmou o presidente estadual do PSDB, Domingos Sávio.
Embora o PSDB ainda conte com a candidatura do senador Aécio Neves – que ainda não definiu qual caminho político tomará nas eleições –, as articulações são facilitadas pelo fato de serem duas cadeiras em disputa nas eleições de outubro: deixam o Senado em 1º de fevereiro do ano que vem Zezé Perrella (PDT) e o próprio Aécio.
O mesmo argumento é usado a favor do PSB, que tem como pré-candidato a governador o ex-prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda. “São duas vagas, e todas as coligações devem apresentar dois candidatos”, lembra o presidente estadual do PSB, João Marcos Lobo. Por enquanto, não tem nenhum nome definido, mas a direção do PSB vê com simpatia uma chapa majoritária composta ainda por Dinis Pinheiro e pela deputada federal Jô Moraes (PCdoB) como candidatos ao Senado.
ROMPIMENTO A primeira conversa entre PSB e PCdoB ocorreu há duas semanas. Embora os comunistas tradicionalmente disputem as eleições ao lado do PT, a possível indicação de Dilma Rousseff (PT) para disputar uma das vagas ao Senado dificultou uma composição com os petistas. No meio do caminho tinha ainda uma possível aliança com o MDB e a indicação de outro nome da legenda para a vaga ao Senado. O estrago parece já estar feito, e não é só o PCdoB que tende a se afastar do PT em outubro.
Em prévias realizadas pelo MDB em maio, delegados do partido aprovaram a tese de candidatura própria a governador e ao Senado. Entre os nomes cotados, o presidente da Assembleia Legislativa, Adalclever Lopes, e o ex-prefeito de Juiz de Fora Bruno Siqueira (MDB) – que renunciou ao cargo para disputar uma vaga ao Senado. Amanhã, na cidade da Zona da Mata, o ex-prefeito lança sua pré-campanha ao lado de Antonio Andrade e do ex-ministro da Fazenda e presidenciável Henrique Meirelles.
O pré-candidato a governador pelo DEM, Rodrigo Pacheco, já tem conversas adiantadas com PP, Avante e PEN – e não descarta a possibilidade de atrair o MDB para sua chapa. “Não está nada definido e o resultado das prévias do MDB não é irreversível. Tanto o Dinis quanto o MDB poderão compor e muito bem a chapa”, aposta o democrata.
ESPECULAÇÕES O PT realiza hoje, em Contagem, na região metropolitana, ato de lançamento da pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a presidente da República. A expectativa é que o nome de Dilma também seja confirmado para o Senado. Desde que ela transferiu o título de Porto Alegre para Belo Horizonte, em abril deste ano, as especulações dão conta de que ela tentaria ser senadora. Mas diante da reação do MDB, que esperava ficar com a vaga de senador da chapa, chegou a ser cogitada a possibilidade de Dilma disputar uma das 53 cadeiras de deputado federal.
Correndo por fora dos holofotes, legendas menores já se articulam para lançar seus candidatos.
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