O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso afirmou na manhã deste sábado (9), em Belo Horizonte, que faltou atitude dos governos estaduais para ajudar a conter a crise causada no país pela greve dos caminhoneiros. Ao fazer palestra sobre o pacto federativo e o sistema tributário, o ex-ministro disse colocou o ICMS, que é um imposto estadual, como maior culpado pelos altos preços dos combustíveis e chamou os governadores à responsabilidade.
“Nenhum estado se mexeu, os governadores não se mexeram, falaram não é (problema) meu, quando o filho era deles também”, afirmou Velloso. Segundo o ex-ministro, a inércia dos estados também se deve ao estado de crise financeira que eles atravessam.
“É preciso que o grande homem público enfrente isso e não apenas dizer 'eu estou sem dinheiro para pagar servidor'. Isso não é resposta de um grande homem público”, afirmou, se referindo ao governador Fernando Pimentel (PT).
Velloso criticou a carga de ICMS sobre os combustíveis de Minas Gerais, que para ele é “alta demais” e defendeu uma reforma tributária que possa equilibrar as alíquotas.
Segundo ele, o brasileiro paga cerca de 40% de carga tributária e os estados e municípios não oferecem um serviço à altura. Ele defende a redução do tamanho do estado, com a extinção de cargos públicos à medida em que os titulares forem se aposentando como forma de melhorar as contas do país. “Precisamos ter alguém com a lucidez de assumir que o estado brasileiro é grande demais”, disse.
Velloso também falou da falta de investimento em ferrovias como um problema estrutural que, para ele, ajudou a agravar a crise por causa da greve dos caminhoneiros. “Um trem trafegando com 50 vagões faz o trabalho de quantos caminhões? É muito mais barato. É preciso que sejam recuperadas as ferrovias, que continuam em grande parte abandonadas”, disse.
O ex-ministro fez palestra no 9º Encontro Anual de Advogados em BH, no qual a presidente do STF Cármen Lúcia também era esperada. Apesar de o evento estar na agenda oficial da ministra, ela não compareceu.