São Paulo, 18 - O pré-candidato à Presidência da República Ciro Gomes disse nesta segunda-feira, 18, durante o Fórum Unica (União da Indústria de Cana de Açúcar) que existe "muita especulação" e sobre a possibilidade do DEM apoiar sua candidatura. E, em cima da natural especulação que é sinal dos tempos, "muita intriga".
"O PFL, quer dizer o DEM, tem um candidato à Presidência da República, que é o Rodrigo (Maia), que é um amigo, por quem eu tenho uma afeição, respeito, conheço ele desde muito jovem", disse.
Ciro disse que enquanto Maia for postulante, "tudo o que acontecer são conversas normais, de um candidato a presidente, que sabe que tem duas etapas". O pré-candidato explicou: "Uma etapa é ganhar eleição, para interromper esse itinerário de tragédia que está infelicitando a nação brasileira; a outra é governar. Nenhum partido no Brasil vai fazer mais que 10% da Câmara, portanto é imperativo que qualquer um de nós, se quiser ser sério, abra o diálogo, e converse com forças diferentes daquelas que você representa", disse.
Mais cedo, em entrevista à
Rádio Jovem Pan
, quando questionado sobre uma eventual parceria com o DEM, Ciro falou das dificuldades de acordo com o partido usando como exemplo o vereador Fernando Holliday (DEM-SP). "Esse Fernando Holiday aqui é um capitãozinho do mato. Porque a pior coisa que tem é um negro usado pelo preconceito para estigmatizar, que era o capitão do mato no passado".
No Forum Unica, Ciro foi questionado sobre ter chamado o vereador Holliday de "capitão do mato". Ele citou dois pontos da atuação de Holliday que justificariam sua fala: a iniciativa de acabar com o Dia da Consciência Negra e a apologia pelo fim das cotas. "Portanto, capitão do mato, aqui, é uma metáfora segura que eu tenho que ele faz esse papel em pleno século 21".
Durante o Fórum, Ciro disse que o economista Paulo Guedes, um dos coordenadores de campanha do também pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL) é um "liberal tosco de Chicago que abomina subsídios".
A alfinetada em Guedes se deu no contexto da defesa, pelo pré-candidato, de um novo projeto nacional desenvolvimentista; "Com um estado forte, mas não gordo". "Isso não ocorrerá se ficarmos no mito que o setor privado vai reverter tendências sem uma parceria estratégica com o estado", completou.
Na política externa, Ciro criticou o fato do País ter, segundo ele, aberto mão de mediar a crise na Venezuela. "O Brasil tinha um superávit comercial com a Venezuela de R$ 5 bilhões. Quando abrimos mão do nosso papel natural de mediador, abrimos mão também de um parceiro bilateral", disse.
Já sobre a crise econômica na Argentina, o presidenciável disse que "a Argentina vai para a agonia de novo. "Não é isso que queremos para o Brasil".
(Marianna Holanda, Gilberto Amendola, Camila Turtelli, Daniel Wetermann).