A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou na tarde desta terça-feira, 19, o julgamento da ação penal da presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), do marido da senadora, o ex-ministro Paulo Bernardo (PT), e do empresário Ernesto Kugler Rodrigues.
O presidente da 2ª Turma, ministro Ricardo Lewandowski, informou no início da sessão que fará todos os esforços para que o julgamento seja concluído ainda nesta terça-feira.
"Hoje faremos todos os esforços para terminar o julgamento da Ação Penal 1003. Nós iremos até quando necessário pra terminar esse julgamento", disse Lewandowski na abertura da sessão.
Este é o segundo julgamento de uma ação penal da Lava-Jato na Segunda Turma do STF, colegiado composto pelos ministros Edson Fachin (relator da Lava-Jato), Celso de Mello (revisor da Lava-Jato na turma), Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Dias Toffoli.
No mês passado, a 2ª Turma condenou por unanimidade o deputado federal Nelson Meurer (PP-PR), que se tornou o primeiro parlamentar condenado pela Corte no âmbito da Lava-Jato.
Dentro do STF a avaliação é a de que Gleisi tem mais chances de absolvição que Meurer. Uma fonte do tribunal que acompanha as investigações aposta que a senadora petista será absolvida por 3 a 2.
No início da sessão, Fachin fez a leitura do relatório da ação, resumindo os principais pontos da acusação. Depois, o subprocurador-geral da República, Carlos Alberto Vilhena, iniciou a fala - o representante do Ministério Público Federal terá uma hora para se manifestar. Os advogados de defesa dos réus falarão em seguida e só então os ministros votarão no julgamento.
Denúncia
O caso de Gleisi chegou ao Supremo em março de 2015. Em 27 de setembro de 2016, a denúncia contra Gleisi, o marido e Ernesto Kugler Rodrigues foi recebida por unanimidade pela Segunda Turma do STF.
Eles são acusados de solicitar e receber R$ 1 milhão oriundos de um esquema de corrupção instalado na diretoria de abastecimento da Petrobras que teria favorecido a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010.
De acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR), foram feitas quatro entregas de R$ 250 mil cada em espécie, que teriam sido utilizados na campanha de Gleisi sem qualquer registro. A denúncia é fundamentada nas delações premiadas do ex-diretor de abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef.
Gleisi também é alvo de outras duas denúncias: uma envolvendo o núcleo político do PT, sob a acusação de que a sigla recebeu propina por meio da utilização da Petrobras, do BNDES e o Ministério do Planejamento; a outra denúncia trata de uma linha de crédito entre Brasil e Angola que teria servido de base financeira à corrupção na campanha da senadora ao governo do Paraná em 2014, de acordo com a PGR.
Procurado pela reportagem, o gabinete da senadora não se manifestou.