Os vereadores que integram a Comissão Processante criada na Câmara de Belo Horizonte para apurar a denúncia de quebra de decoro por parte do vereador afastado Wellington Magalhães (PSDC) indeferiu, nesta terça-feira, pedido da defesa para que as reuniões do grupo sejam feitas em caráter reservado.
O argumento dos advogados do vereador é de que a divulgação das oitivas das testemunhas gera o risco de imparcialidade dos julgadores e para a imagem do vereador, que foi preso em 24 de abril e no final de maio conseguiu um habeas corpus no Tribunal de Justiça, com o uso de tornozeleira eletrônica. O ex-presidente da Câmara, no entanto, continua com o mandato suspenso pela Justiça.
O presidente da Comissão Processante, Dr Nilton (Pros), justificou seu voto contra o pedido da defesa sob o argumento do princípio da publicidade “que rege a administração pública e os poderes da República”. O vereador assegurou a transparência de todos os atos e documentos referentes à apuração, o que inclui as reuniões, deliberações e depoimentos das partes envolvidas, que serão transmitidos ao vivo pelo site da Câmara.
Nesta terça-feira, a comissão teve mais uma reunião, quando foi ouvida a ex-chefe da Polícia Civil de Minas Gerais Andrea Vacchiano. Em depoimento, a policial contou que durante encontro no início de 2016 com Wellington e o então secretário de Governo, Odair Cunha (PT), foi pedido a ela que “atendesse” a pedidos do parlamentar. Andrea Vacchiano comandou a Polícia Civil entre novembro de 2015 e agosto de 2016, período em que teria recebido várias denúncias contra o vereador afastado.
“Durante o encontro, Wellington Magalhães se apresentou como presidente da Câmara e me perguntou se eu tinha alguma coisa contra ele. Eu respondi que não, pois nem o conhecia até então, e que também não poderia comentar sobre as denúncias recebidas porque estavam em segredo de justiça”, afirmou ela aos integrantes da Comissão Processante.
A delegada explicou ainda que se sentiu constrangida durante a reunião, principalmente quando teria sido questionada por Odair Cunha sobre o porquê de não estar atendendo aos pedidos feitos por Magalhães.
A próxima reunião da comissão está marcada para terça-feira, dia 26, pela manhã, quando serão ouvidas quatro testemunhas.