Belo Horizonte- Lideranças do PT mineiro admitem a possibilidade de substituir o governador Fernando Pimentel, pré-candidato à reeleição, pela presidente cassada Dilma Rousseff na disputa pelo governo do Estado. A proposta é tratada nos bastidores do partido, que já fez sondagens com membros de legendas aliadas, mas sofre resistência da ex-presidente. Por ora, Dilma rejeita a ideia de assumir a candidatura a governadora. Ela é pré-candidata a senadora.
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Dilma diz que 'não há hipótese' dela disputar o governo de Minas Eleição de Dilma ao Senado é prioridade para PT nacionalDilma transfere título eleitoral para BH, mas não confirma candidatura ao Senado"Não sei se é uma candidatura forte ou fraca", diz Anastasia ao citar DilmaDepois do rompimento com MBD, Pimentel busca apoio do PCdoBSegundo o parlamentar, esse debate interno “ainda” não começou, mas a decisão final será de Pimentel. A ex-presidente mudou seu domicílio eleitoral do Rio Grande do Sul para Minas Gerais no limite do prazo legal a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dilma soube das articulações por meio da imprensa. Em suas redes sociais, ela rechaçou qualquer possibilidade de assumir o lugar de Pimentel, seu amigo pessoal desde a adolescência, na disputa estadual.
Sem saber que a possibilidade é cogitada por seus próprios companheiros de partido, Dilma classificou a articulação como “fake news” e atribuiu os boatos aos adversários. “Não há hipótese de eu ser candidata ao governo de Minas. É a própria fake news dos interessados em evitar uma nova derrota nas urnas, como em 2014”, escreveu a presidente cassada.
Em caráter reservado, integrantes da direção do PT mineiro disseram temer que o desgaste de Pimentel leve a sigla ao isolamento em Minas Gerais. A avaliação é que Dilma seria uma “tábua se salvação” para o partido, já que ela estaria bem colocada nas pesquisas feitas para consumo interno.
Pimentel enfrenta forte desgaste tanto pelas acusações que responde na Justiça quanto pelo desempenho do governo. Ele é réu em ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por suposto caixa dois na campanha eleitoral de 2014.
Pimentel também enfrenta atritos com prefeitos mineiros, inclusive de partidos de sua base na Assembleia Legislativa, por falta de repasses aos municípios. O governador não compareceu ao 35.º Congresso da Associação Mineira de Municípios realizado nesta quarta-feira, 20, em Belo Horizonte. O nome do governador foi vaiado pelo público do evento formado por prefeitos, vice-prefeitos e vereadores quando o mestre de cerimônias anunciou sua ausência. Ele foi o único pré-candidato a faltar.
Um dia antes, Pimentel estava em São Paulo, onde almoçou com o ex-prefeito Fernando Haddad e com o ex-ministro Walfrido Mares Guia em um bistrô francês no sofisticado bairro dos Jardins. Segundo interlocutores, o assunto do almoço foi a eleição presidencial.
Auxiliares de Pimentel rejeitam a ideia de substituição e dizem que a possibilidade de o governador não ser candidato à reeleição é menor do que a de Dilma ser barrada na disputa ao Senado. Dirigentes petistas, no entanto, confirmam a articulação e citam o nome do empresário Josué Gomes da Silva (PR), filho do ex-vice-presidente José Alencar, como alternativa.
Palanque
Apesar de comandar a máquina estadual, Fernando Pimentel ainda não conseguiu atrair partidos grandes e médios para sua coligação. O senador Antonio Anastasia, pré-candidato do PSDB ao governo, já articulou o apoio do PPS, PSD e PSC.
No próximo dia 26, o PTB deve anunciar oficialmente o apoio ao pré-candidato tucano ao governo de Minas. Já Fernando Pimentel está próximo apenas do PSDC e PMN.