As indefinições na sucessão presidencial trazem interrogações ao quadro de coligações e candidaturas ao governo de Minas. A pouco mais de duas semanas da abertura do prazo legal, em 5 de julho, para que partidos iniciem as campanhas internas que antecedem as convenções para a escolha dos candidatos, as peças ainda se mexem lentamente, e, ainda sem se assentar, delineiam pelo momento nove candidaturas. Mas em meio ao tempo da política, há de tudo um pouco: disputas internas e articulações nacionais casadas com as disputas estaduais. É tanta turbulência, que o cenário do jogo com os seus verdadeiros jogadores só será apresentado depois da Copa do Mundo
No MDB não se entendem a bancada federal – que quer repetir a coligação com o PT – e o vice-governador Antônio Andrade e o presidente da Assembleia, Adalclever Lopes, que defendem a candidatura própria ou outro campo de aliança, como o do deputado federal Rodrigo Pacheco, ex-emedebista filiado ao DEM. Mas Andrade e Adalclever, pré-candidatos lançados, ainda não convenceram deputados federais de que a candidatura própria seja facilitadora da reeleição da atual bancada, o que de fato interessa aos parlamentares. Neste momento, Andrade tenta articulação com o PRB, o Podemos, o PV e o PHS – que tem Carlos Viana como pré-candidato ao Senado -, todas elas legendas que também conversam com o governador Fernando Pimentel (PT), candidato à reeleição.
Para compensar a defecção do MDB – o que de fato facilita a composição da chapa majoritária petista que terá a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) para o Senado – Fernando Pimentel – conta neste momento com o PCdoB, o PR, o PSDC e o PMN. Aliado das boas e más horas, o PCdoB, contudo, deixa claro que manterá o apoio se a deputada federal Jô Moraes (PCdoB) for o segundo nome da chapa ao Senado.
Pimentel tenta ampliar o seu arco de alianças mostrando aos partidos cobiçados pelo MDB que a coligação proporcional com o PT será mais vantajosa. Ao mesmo tempo, petistas procuram fechar um acordo nacional com o PSB, para retirar a candidatura ao governo da vereadora Marília Arraes (PT), neta de Miguel Arraes, que ameaça a reeleição do atual governador Paulo Câmara (PSB).
Não só pelo PT, Marcio Lacerda – que é pré-candidato ao governo – é também cogitado para compor a chapa de Ciro Gomes (PDT), de quem é amigo. No plano nacional, o PDT manteve conversações com o DEM, levantando a hipótese – remota - de um apoio dos democratas a Ciro Gomes, o que aumentaria a probabilidade de Lacerda ser confirmado vice do pedetista. Em Minas, essa composição colocaria socialistas no barco do deputado federal Rodrigo Pacheco (DEM), pré-candidato ao governo mineiro. Mas Marcio Lacerda, que admite que o quadro nacional está pouco claro, provocando ruído na sucessão estadual, avisa: “Sou candidato ao governo de Minas”. Lacerda tem o apoio do PDT e do Pros e aposta que poderá ser a terceira via de uma disputa, num contexto em que eleitores estão cansados da polarização entre petistas e tucanos.
Com esta mesma perspectiva - de ser a opção daqueles que rejeitam o PT e o PSDB -, Rodrigo Pacheco deixou o MDB, se filiou ao DEM acreditando que seria o candidato do PSDB mineiro. Mas as nuvens se reagruparam e, com o lançamento da pré-candidatura do senador Antonio Anastasia (PSDB), Pacheco decidiu que não voltaria atrás.
Antonio Anastasia, que decidiu concorrer ao governo de Minas porque precisava reunificar a base política tucana em Minas, até agora conseguiu reunir os apoios de PSD, PTB, PPS e PSC. Ele trabalha com a perspectiva de conquistar a adesão do pré-candidato ao Senado Dinis Pinheiro (SD), que, por seu turno, também tem convite de Rodrigo Pacheco e Marcio Lacerda para composição. Anastasia também tenta trazer o candidato ao Senado do PHS, Carlos Viana.
Mas a cartada mais ousada deixada na manga por tucanos depende de negociação com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O sonho dos tucanos mineiros é de que um eventual acordo nacional com Maia, que já declarou estar mais próximo de declarar apoio a Alckmin, coloque Rodrigo Pacheco na chapa de Antonio Anastasia, já que, no Rio, o pré-candidato Eduardo Paes (DEM) teria o apoio tucano.
PEQUENOS PARTIDOS
Nas pequenas legendas, não há tanto ruído. O Psol, que encabeça a Frente de Esquerda Minas Socialista - coligada ao PCB e com o apoio dos movimentos sociais Unidade Popular pelo Socialismo e Brigadas Populares, que aguardam a formalização do registro na Justiça Eleitoral, lançou a pré-candidatura de Dirlene Marques, professora Departamento de Economia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Pela Rede, o candidato ao governo será João Batista dos Mares Guia, o vice Eduardo Lucas e ao Senado, Cacá Menezes. Também sem definição de coligações, o PSTU lançou a pré-candidatura de Jordano Metalúrgico (PSTU) e já definiu ao Senado Vanessa Portugal (PSTU). Da mesma forma, pelo Novo, o empresário Romeu Zema concorrerá ao governo, o vice será Paulo Brant e para o Senado, Rodrigo Paiva.
CORRIDA ELEITORAL
Articulações de partidos e pré-candidatos em Minas
Candidato: Fernando Pimentel (PT)
» Vice: (indefinido)
» Senado: Dilma Rousseff (PT)
» Coligação: PT-PCdoB-PR-PSDC-PMN
» Indefinições: O PCdoB reivindica para Jô Moraes a candidatura ao Senado na chapa. Há conversas com PRB, PV e Podemos. No plano nacional está em curso negociações com o PSB, e Pimentel tem mantido interlocução com Marcio Lacerda. Há tentativa de atrair o empresário Josué Gomes da Silva para vice na chapa. A bancada federal do MDB tenta reatar aliança com o PT.
Candidato: Antonio Anastasia (PSDB)
» Vice: Marcos Montes (PSD)
» Senado: indefinido
» Coligação: PSDB-PSD-PTB-PPS-PSC
» Indefinições: Conversa com Dinis Pinheiro (SD) para o Senado. Busca interlocução com Carlos Viana (PHS).Tenta atrair Rodrigo Pacheco (DEM) em negociação nacional.
Candidato: Marcio Lacerda (PSB)
» Vice: indefinido
» Senado: indefinido
» Coligação: PSB-PDT-Pros
» Indefinições: Jaime Martins (Pros) poderá ser vice ou candidato ao Senado. Marcio Lacerda é, em nível nacional, possibilidade para compor a chapa de Ciro Gomes (PDT) e é sondado também pelo PT e pelo PSDB.
Candidato: Rodrigo Pacheco (DEM)
» Vice: Ana Paula Junqueira (PP)
» Senado: indefinido
» Coligação: DEM-PP-Avante-PEN-PMB
» Indefinições: Fez convite a Dinis Pinheiro (SD) para concorrer ao Senado.
Candidato: Adalclever Lopes (MDB)
ou Antônio Andrade (MDB)
» Vice: indefinido
» Senado: Bruno Siqueira (MDB)
» Indefinições: Preocupada com a própria reeleição, a bancada federal do MDB mineiro tenta retomar a aliança com o PT. Sob a batuta de Andrade e Adalclever, o partido se mantém afastado e conversa com Rodrigo Pacheco, ao mesmo tempo em que trabalha uma coligação proporcional com PRB, PHS – cujo candidato ao Senado é Carlos Viana –, Podemos e PV. Se lançar candidatura própria, a tendência será sair Andrade, já que Adalclever tem a reeleição como estadual garantida.
Candidata: Dirlene Marques (Psol)
» Vice: Sara Azevedo (Psol)
» Senado: Duda Salabert (Psol)
» Senado: Túlio Lopes (PCB)
» Coligação: Psol, PCB, Unidade Popular pelo Socialismo e Brigadas Populares. As duas últimas aguardam registro na Justiça Eleitoral. Integram a Frente de Esquerda Minas Socialista.
Candidato: Jordano (PSTU)
» Vice: indefinido
» Senado: Vanessa Portugal (PSTU)
» Coligação: Não fará
Candidato: João Batista
Mares Guia (Rede)
» Vice: Eduardo Lucas (Rede)
» Senado: Cacá Menezes (Rede)
» Coligação: não há definição
Candidato: Romeu Zema (Novo)
» Vice: Paulo Brant (Novo)
» Senado: Rodrigo Paiva
» Coligação: Não fará
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