Na esteira de um bom desempenho da pré-candidatura do militar da reserva, deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), nas pesquisas eleitorais e com os índices de violência explodindo no país, as pré-candidaturas de representantes da segurança pública devem se multiplicar nesta eleição em Minas Gerais. A expectativa de representantes da classe é de que entre 120 e 180 militares da polícia e dos bombeiros concorram a vagas de deputados estaduais e federais no estado. Também concorrem policiais civis, federais e agentes penitenciários. Embora em sua maioria eles venham com uma pauta inspirada na do presidenciável, nem todos os integrantes da chamada bancada da bala virão com promessas radicais.
“O crescimento das candidaturas, que deve ser de pelo menos 30%, é o efeito Bolsonaro. Há uma onda de defesa da intervenção militar, que não concordo apesar de ser militar, e o aumento de homicídios no país vem dando força para esse discurso de extrema direita”, afirma Éder Martins. Para o dirigente da Aspra, no entanto, pautas como a revogação do estatuto do desarmamento e a defesa da lei do abate são “discurso fácil”. “Uma média de 500 policiais morrem por ano no Brasil. Se os policiais treinados estão morrendo imagina se armar a população?”, questiona.
Também contrário a armar a população, o suplente de senador Alexandre Silveira (PSD), que coordena a pré-campanha do senador Antonio Anastasia ao governo e é delegado, credita o crescimento das candidaturas à necessidade de fortalecer a classe. Oposição ao governador Fernando Pimentel (PT), ele afirma que a multiplicação das candidaturas se dará por causa da falta de diálogo dos agentes de segurança com o estado.
"O crescimento das candidaturas, que deve ser de pelo menos 30%, é o feito Bolsonaro. Uma onda de defesa da intervenção militar, que não concordo apesar de ser militar, e o aumento de homicídios no país vêm dando força para esse discurso de extrema direita"
Éder Martins, diretor-jurídico da Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares (Aspra)
Pré-candidato a deputado estadual pelo PSL de Bolsonaro, o Subtenente Marinho se filiou este ano. Disse que já vinha trabalhando com a possibilidade de concorrer e enxergou o momento como favorável por causa do apelo da população por renovação e por pessoas que não estejam envolvidas em corrupção. “A sociedade vê nos militares seriedade, compromisso e competência, principalmente na área de segurança, e teve a inspiração também da pré-candidatura do Jair Bolsonaro à Presidência, a quem nos assemelhamos em algumas intenções”, disse.
Como bandeiras, Subtentente Marinho destaca a proteção da sociedade, da família e costumes e das crianças, além da luta contra o fim dos privilégios. Segundo o pré-candidato, cerca de 60% das pré-candidaturas do PSL serão da área da segurança.
No PTB, que filiou um dos deputados estaduais policiais com mandato, Sargento Rodrigues, também vai haver candidatura de agente penitenciário e policial federal. “A segurança é foco porque as pesquisas mostram saúde em primeiro lugar e segurança sempre em segundo. Então temos que nos preparar nesta área, porque a insegurança hoje tanto na capital quanto no interior deixa as famílias muito intranquilas. Temos de dar atenção às políticas públicas de segurança”, afirmou o presidente da legenda, Dilzon Melo. O petebista, no entanto, faz questão de desvencilhar as candidaturas do partido à de Bolsonaro. “Ele (Bolsonaro) é muito radical, de extrema direita, a gente pensa a segurança mas com equilíbrio. O Bolsonaro incentiva muito a violência e não é o que a gente pensa não”, disse.
O deputado estadual Coronel Piccinini (PSB), que tenta mais um mandato este ano, diz que pelo menos 12 oficiais devem concorrer este ano a vagas na Assembleia e Câmara por parte da PM e outros três pelos bombeiros militares. “Os partidos sempre procuram especialistas em segurança porque sabem que é um dos maiores problemas de Minas e do Brasil. Eles mostram que essa bandeira vai ter sucesso e os candidatos se animam. Acredito que a bancada deve fazer pelo menos uns três para se manter do tamanho atual”,disse.