O vereador Wellington Magalhães auxiliou o desembargador mineiro Wanderley Salgado de Paiva – um dos que votaram pela concessão do habeas corpus que o tirou da prisão – em um pedido à BH Trans para tirar um ponto de ônibus da porta de sua casa. No contato, o parlamentar investigado por desvio de verbas apresentou o magistrado como “amigo” e “irmão” e pediu que o “problema” fosse resolvido para ele.
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Wanderlei diz que o ponto foi desviado por causa do fechamento da Avenida Bandeirantes e cita o fato de ser da área criminal. “Eu não tenho muito medo não, mas é a família, né.
O desembargador Wanderley Salgado de Paiva votou a favor do habeas corpus que tirou Magalhães da prisão em 30 de maio. A soltura foi aprovada pela Câmara Criminal por 2 votos a 1.
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais não divulgou posicionamento sobre o assunto.
Desembargador nega amizade
Em nota, o desembargador Wanderley Salgado de Paiva diz que não tem nem nunca teve qualquer laço de amizade com o vereador e que , portanto, não se considerou impedido de julgar o caso de Wellington Magalhães. O magistrado disse ter procurado o parlamentar por ter sido informado de que ele “seria a pessoa certa para verificar junto ao órgão de trânsito competente sobre a possibilidade de transferência de um ponto de ônibus”.
“Tal pedido, legítimo e possível a qualquer cidadão, foi motivado pelos transtornos que tal parada de ônibus acarretava ao dia a dia da minha família, tendo em vista, principalmente, o fato de minha mulher se encontrar acometida por um câncer, doença que, infelizmente, acabaria levando-a a óbito. À época não fui atendido, tanto que mudei para um apartamento alugado em outro bairro, onde a minha finada esposa viveu os últimos dias de sua vida”, informou.
O desembargador disse não haver nada que o desabone como julgador desde que iniciou o ofício em 1993.
Pedido corriqueiro
O ex-presidente da BH Trans, Ramon Victor, disse que, como presidente da instituição, atendeu a um telefonema, como atendia a dezenas toda semana. “Anotei o pedido e nem sei se foi atendido, era um pedido banal, corriqueiro, mas nem sei. Atendi a um telefonema em uma relação institucional de presidente da BH Trans com um vereador, que no caso acho que era até presidente da Câmara. Não tenho nada a dizer porque essa questão não me diz respeito”, disse.
A defesa de Wellington Magalhães não quis comentar o assunto, alegando segredo de Justiça.