Em mais um discurso polêmico, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) falou sobre a presença de militares no primeiro escalão em um eventual governo comandado por ele. "Vou botar alguns generais nos ministérios caso eu chegue lá. Os anteriores colocaram corruptos e terroristas e ninguém falava nada".
A declaração de Bolsonaro ocorreu nesta quarta-feira (4/7), em sabatina de Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.
O pré-candidato à Presidência de República também falou sobre gays, cotas raciais, fim de privilégios do serviço público e até meio-ambiente.
"Sou contra as cotas (...) Não adianta inventar cotas, sou contra elas porque, a meu ver, somos iguais. Tem muitos afrodescendentes que concordam com essa ideia. Somos iguais, somos competentes", declarou Bolsonaro, ao ser questionado sobre questões educacionais.
Recentemente criticado por não entender sobre economia, o deputado disse que está acompanhado "pela melhor equipe" e que "é isso que a gente precisa". Bolsonaro reclamou que a imprensa "bate" nele o tempo todo. Foi o único candidato que estourou o tempo do discurso final no primeiro bloco de sabatina.
Deputado federal, Bolsonaro criticou o Parlamento ao analisar a situação das contas públicas.
"Quais são os grandes problemas e como resolvê-los sem dinheiro? Estamos praticamente insolventes. Quase todo o orçamento está comprometido. O maior problema para quem senta na cadeira do presidente é o parlamento. Pelo menos foi o que ouvi nos últimos 30 anos. O Brasil são vários Brasis", declarou.
LGBT e meio ambiente
Aparentemente disposto a afrouxar o discurso, Bolsonaro fez piada quando o debate envolveu a situação de LGBTs no Brasil. Para evitar uma saia-justa, tentou usar a comédia.Em sua infância, lembrou, "ainda nem se falava em identidade de gênero. (Não tenho) nada contra. Quem for feliz com seu parceiro, muito bem. Quem sabe amanhã eu vire (gay) também?".
Sobre questões ambientais e de turismo, o presidenciável citou os estados de Roraima, que enfrenta delicadas situações ecológicas envolvendo indígenas; e Rio de Janeiro, local que qualificou como subaproveitado.
"Meu estado do Rio de Janeiro poderia estar lucrando milhões com a baía de Angra dos Reis com turistas mas foi demarcada como área de preservação. Assim, essa área passou a ser um problema. Ninguém quer maltratar o meio ambiente, mas outros lugares do mundo usam suas belezas naturais para fomentar o turismo".
Ao ser questionado sobre a possibilidade de abrir diálogo com partidos concorrentes na tentativa de viabilizar uma pauta minimamente comum em seu governo, o pré-candidato disse que "com três partidos é impossível conversar e eu não vou conversar. Vou ser radical. Não é possível colocar um busto do Che Guevara no Palácio do Planalto", alfinetou, fazendo uma referência à esquerda.
Jair Bolsonaro lembrou que respondeu a 30 processos de cassação na Câmara dos Deputados durante os sete mandatos que atua como parlamentar. Fez questão de frisar que "nenhum deles foi devido a acusações sobre corrupção.