Progredir, só se for para mudar o clima
O registro é de pitaco estrangeiro, vem da Agência Reuters. Claro que sobre a notícia do dia, que envolveu a prisão do ainda ministro do Trabalho, Helton Yomura. O detalhe, no entanto, no primeiro parágrafo, é que o caso “debilita ainda mais o presidente Michel Temer”. Será possível? Na minha calculadora, só se ele fosse deposto ou renunciasse.
Afinal, bastam os índices da pesquisa Datafolha, de junho agora, menos de um mês atrás. O governo Temer é considerado ruim ou péssimo por nada menos que 82% dos brasileiros. Os que o aprovam são insignificantes 3%. Isso mesmo, apenas 3% o consideram ótimo ou bom. Se se levar em conta a margem de erro corre o risco de ser ainda menor. Já que debilita mais, o jeito é melhor mudar de assunto.
“Muito saborosa! A verdade é que a pizza é o prato mais pedido de muitas pessoas, principalmente dos brasileiros. O país é o segundo maior consumidor de pizza do mundo. O Brasil só perde para os Estados Unidos.” Começa assim a sugestão de pauta enviada à coluna sob o título “Dia da Pizza e Copa do Mundo devem movimentar pizzarias”.
De fato, é bem provável mesmo. Com jogo do Brasil hoje bem na hora do almoço, ninguém vai querer acender fogão para cozinhar. Pedir pizza por telefone e com entrega fica muito mais fácil. Os motoqueiros que trabalham muito e ganham pouco devem melhorar seus rendimentos. Para eles, é dia de tentar abastecer a dispensa.
Voltando ao que interessa de fato, o problema para os corruptos é que assar uma pizza – deixando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes pra lá – é difícil. Tem a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal (PF) com o Ministério Público Federal (MPF), que não costuma acender o forno. Pizza por lá tem sido improvável.
Se Temer dá sinais de que está pouco ligando para as pesquisas, a agenda dele deve ser para melhorar o clima nada amistoso que reina em seu entorno com a baixa popularidade. Antes do lançamento do Plano Progredir, ele se reuniu com o ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte. Logo depois, foi a vez do ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun.
Só que o interessante foi o encontro palaciano com o coordenador-geral do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, Alfredo Sirkis. Quem sabe tenha sido para dar um clima mais amistoso no lançamento para marcar a liberação de R$ 4 bilhões em microcrédito para que famílias de baixa renda possam criar pequenos negócios?
Tudo passa...
...por Minas. A notícia é que o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, defendeu ontem a necessidade de discutir ajustes na Lei de Informática, por causa da decisão da Organização Mundial do Comércio (OMC), que é do ano passado, contrária à legislação brasileira. Ela considerou ilegais os benefícios fiscais. O detalhe mineiro é que foi o deputado Bilac Pinto (DEM-MG), quem pediu o debate. E deu números: algo em torno de 135 mil empregos diretos. Daí ter acrescentado: “Foi com base nesses incentivos da Lei de Informática que grandes multinacionais escolheram nosso país para instalar suas fábricas”.
O gerúndio
Assim fica difícil. Quem deu a notícia foi o ministro-chefe da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun, o mais próximo do principal gabinete do Palácio do Planalto. “O presidente Michel Temer está avaliando se o ministro do Trabalho, Helton Yomura, vai ou não continuar no cargo.” E Marun ficou tristinho. “É situação que nos entristece.” E acrescentou: “Vazamento canalha”. Me poupe, meu caro ministro. Afinal, que frases são essas? Triste quem fica são os contribuintes que pagam a conta.
Foi trocadilho?
Madrugou, já estava na Câmara dos Deputados, no próprio gabinete e bem na hora em que os policiais federais chegaram. Terá sido informação privilegiada? Já sabia? “Vamos esperar a investigação. A gente sabe perfeitamente que esse é um trabalho que deve ser feito e esclarecido para a população. Nada a temer.” Ihh! Piorou. Será que foi trocadilho ou só coincidência? Nada a temer? Eu, hein!
Canetada foi
O fato é que o presidente Michel Temer (MDB) não perdeu tempo. Afastou ontem mesmo e bem rapidinho, ainda de manhã, o ministro do Trabalho, Helton Yomura, e mais tarde aceitou o pedido de demissão dele. Como o secretário-executivo da pasta, Leonardo Arantes, já estava preso, o ministério ficou literalmente sem comando, não havia ninguém que mandasse os funcionários trabalhar. Em véspera de jogo do Brasil na Copa do Mundo, deve ter virado um verdadeiro feriadão.
Efeito Lava-Jato
A matemática ensina. Deve cair pela metade o número de votos válidos nas urnas este ano. E pior, os tradicionais financiadores de campanha, com medo de não ter mais a contrapartida por causa da corrupção, estão cada vez mais distantes. É efeito da Operação Lava-Jato, da Polícia Federal (PF) em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF). Daí a necessidade de a busca por um novo mandato (não confundir com mandado, que anda frequente na política brasileira) demandar muita sola de sapato. Não tem outro jeito. Os cofres estão fechados.
PINGAFOGO
Vale lembrar: o Ministério do Trabalho anda precisando ser benzido, com reza brava. Se agora teve ministro afastado e vice-ministro preso, tem Roberto Jefferson, que dispensa apresentações, no meio do caminho, tem Jefferson no meio do caminho.
Para deixar claro, ele tinha indicado a filha, a deputado Cristiane Brasil, para o cargo de ministra, aquela que tinha dívidas trabalhistas. Daí o PTB ter mudado a indicação para o cargo. Agora, Jefferson avisou: o cargo está à disposição do presidente Temer e ele vai aproveitar.
Quem avisa amigo não é. O secretário de Estado do Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães, declarou que o parcelamento dos servidores públicos estaduais deve continuar até o fim do ano.
O detalhe, no entanto, vai matar o funcionalismo ainda mais de raiva. A declaração do secretário Helvécio Magalhães foi no lançamento do plano estadual de desenvolvimento da gastronomia. É prato cheio para a oposição.
Por fim, se o ministro do Desenvolvimento Social, Alberto Beltrame, fez discurso de despedida ao presidente Michel Temer (MDB) e disse “o governo nunca mercantilizou com Bolsa-Família”, não entendi. Teve negociata mercantil com o programa antes?