Brasília, 10 - Preso na terceira fase da Operação Registro Espúrio, na semana passada, o chefe de gabinete do então ministro do Trabalho Helton Yomura, Júlio de Souza Bernardo, foi solto na madrugada desta terça-feira, 10, após o prazo de cinco dias da prisão temporária. A soltura se deu diante da ausência de uma ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) para converter a prisão em preventiva.
Ex-vereador em Paraíba do Sul (RJ) pelo PTB - partido da deputada federal Cristiane Brasil (RJ), que o indiciou ao cargo no Ministério do Trabalho - Souza Bernardo é conhecido como "Canelinha" e gravou um vídeo após a soltura afirmando que não cometeu qualquer irregularidade.
Em depoimento à PF na semana passada, o então chefe de gabinete de Yomura admitiu que recebeu pedidos de informações do ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, Carlos Marun, sobre o andamento de registros sindicais. Canelinha, no entanto, não disse que houve irregularidade ou ilegalidade em relação a pedidos de Marun nem em relação a outros pedidos recebidos. Marun havia repudiado suspeitas da PF e disse que está "sendo enxovalhado por causa de uma safadeza".
No vídeo que gravou após deixar a Polícia Federal, Canelinha afirmou que nunca foi ligado a sindicatos e não conhece legislações específicas e a parte técnica de registros sindicais.
"Tão somente eu demandava algumas ações do Ministério para os demais órgãos, para demais secretarias. Não só com a Secretaria de Relações do Trabalho, mas com outras secretarias e setores em geral. Nós demandávamos documentações no procedimento normal e republicano sem nenhum tipo de pedido para que uma coisa fosse modificada em ordem cronológica. Ainda que fosse feito esse pedido, eu não estaria cometendo o crime; estaria cometendo um ato administrativo. Mas, mesmo assim, nem isso eu fiz", disse.
"Tenho aqui alguns documentos que ainda se tornam sigilosos por a investigação ainda estar acontecendo, mas findada a operação farei questão de apresentar o relatório, apresentar os meus depoimentos e as partes que me tornaram alvo investigado", disse Canelinha.
Procurado, o advogado do investigado não informou que documentos são os citados pelo cliente.
(Breno Pires).