Inconformados com a renúncia de mais da metade dos membros do diretório estadual, seguida da autodissolução da direção do MDB de Minas, os apoiadores do vice-governador Antonio Andrade, destituído da presidência da legenda, pretendem judicializar a questão. “Foi um golpe. Pegaram aqueles que renunciaram e entregaram pra eles o comando do partido”, afirmou nessa segunda-feira (16) Julvan Lacerda, prefeito de Moema e presidente da Associação Mineira dos Municípios.
“Alguns poucos deputados se reuniram, tomaram a decisão e afastaram o diretório, eleito democraticamente”, acrescentou Julvan, após reunião convocada por Antonio Andrade nessa segunda-feira (16) à tarde, na sede da legenda, com parte do antigo diretório. “Foi uma decisão de cima para baixo, contra o interesse das bases, prefeitos, vereadores, delegados, presidentes dos diretórios municipais, quem de fato elegeu o diretório estadual. Não vamos aceitar que mudem o rumo da base do partido e não aceitamos coligação com o PT”, acrescentou Julvan.
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Temer não conseguiu evitar destituição do diretório do MDB em MGCom aval de Jucá, bancada do MDB dissolve diretório mineiro do partidoApós renúncia coletiva, deputado Saraiva Felipe é escolhido presidente do MDB em MinasApós intervenção, comissão provisória do MDB de Minas se reúne para 'dar rumo ao partido'Meirelles minimiza problema em MG e vê PIB de 3% em 2019 se vencer eleiçãoPartidos abrem convenções com cenário indefinido“Não será uma decisão unipessoal. Iremos avaliar o melhor caminho para a reeleição das bancadas”, disse Saraiva, ao ser questionado se o partido estaria mais próximo a Fernando Pimentel.
Atualmente, há no MDB deputados que trabalham com a hipótese de aliança com Fernando Pimentel, deputados que preferem Marcio Lacerda (PSB) e outros que gostariam de uma coligação com Rodrigo Pacheco (DEM).
Há ainda emedebistas que apostam numa composição nacional com o pré-candidato ao Planalto Ciro Gomes (PDT), que coloque num só palanque o PSB e o DEM em Minas.
Ao justificar a sua decisão de nomear Saraiva Felipe, Romero Jucá expôs os antecedentes do conflito: em 11 de julho, durante a reunião da Comissão Executiva Nacional, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Fábio Ramalho (MDB), leu documento assinado por todos os 13 deputados estaduais e cinco federais em que comunicou a autodissolução do diretório estadual de Minas.
Na ocasião, foi delegado a Jucá a análise e decisão do pedido, com poder, inclusive, para nomear a comissão provisória.
Além de Saraiva Felipe para presidir a comissão provisória, Jucá nomeou o deputado estadual João Magalhães como tesoureiro. Foram também indicados membros da provisória os deputados federais Leonardo Quintão e Newton Cardoso Júnior, os deputados estaduais Iran Barbosa e Leonídio Bouças e o ex-deputado Luiz Tadeu Leite. A comunicação já foi feita à Justiça Eleitoral.
Rebelião
A rebelião no MDB se materializou na semana passada, com a revolta dos deputados estaduais e federais incertos quanto à política de alianças do partido e, sobretudo, com a dificuldade que percebem na própria reeleição sem coligações que aumentem a probabilidade do sucesso eleitoral.
Após o afastamento do presidente da Assembleia, Adalclever Lopes, do governador Fernando Pimentel (PT), a tese de Antonio Andrade, que vinha defendendo a candidatura própria, ganhou força junto às bases. Mas não convenceu os deputados estaduais e federais, que querem uma chapa proporcional consistente.
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