Jornal Estado de Minas

Ciro: conversa com Centrão sobre plano econômico não altera essência de propostas

São Paulo, 17 - Pré-candidato do PDT à Presidência, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes afirmou nesta terça-feira, 17, que as negociações com partidos do Centrão para afinar o programa econômico não alteram a "essência" de suas propostas para o setor.

Hoje, um dos assessores econômicos de sua campanha, Mauro Benevides, se reuniu com integrantes de partidos do "blocão" para convergir as propostas do plano de governo na economia. Em entrevista exclusiva ao Broadcast, Benevides afirmou, sem entrar em detalhes, que existe afinidade em cinco de seis pontos da pauta.

A jornalistas após um encontro da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), na capital paulista, Ciro disse que ainda não conversou com Benevides sobre o encontro, mas que pediu a ele que lhe encaminhasse um e-mail sobre a reunião. "As sugestões todas são bem vindas e nenhuma delas, aparentemente, fere princípio nenhum", comentou.

Em busca do apoio das legendas do centro, o pedetista tem buscado reformular seu discurso em determinados pontos. No caso da reforma trabalhista, Ciro já defendeu, no passado, a revogação do projeto aprovado pelo governo do presidente Michel Temer e disse se tratar de uma "selvageria". Hoje, no encontro da Abimaq, reforçou ser contra o projeto provado, mas ponderou que "revogar" foi um "cacoete de professor" e que seu compromisso é "trazer essa bola de volta para o centro do campo e recolocar a discussão."

PSB

Em fase decisiva de formação de alianças, Ciro afirmou que deseja "muito" uma aliança com o PSB e que tem trabalhado por isso, mas ponderou que o partido tem uma situação complexa para lidar nos diferentes Estados onde governa.

Na coletiva com jornalistas, Ciro lembrou que o País fará eleições simultâneas e que é difícil chegar a um entendimento nacional. "O PSB tem sido muito correto comigo em explicitar essa contradição. Salvo o que já está acertado na base, você tem Pernambuco, que tem preferência pelo PT, e São Paulo, que tem preferência pelo PSDB. Essas questões estão postas hoje", disse.

Questionado sobre se isso significa que o PSB deve caminhar para liberar os Estados para seus arranjos locais, o pedetista disse que não deixou de trabalhar por um acordo.

"Eu quero muito o PSB. Estou tentando apoiar Paulo Câmara (em PE), Marcio França (SP), o PSB de Minas. Estou tentando fazer isso de baixo para cima para tentar minimizar essa contradição."

Mais cedo, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirmou ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, que trabalha para que a legenda adote uma posição nessa eleição e disse entender que a neutralidade seria "inaceitável e imperdoável". As conversas entre o partido e o PDT caminhavam para um acordo, mas no último o dia 12, Câmara, que é vice-presidente nacional do PSB, declarou que apoiará a candidatura do ex-presidente Lula, o que embolou a disputa.

Ciro disse ainda que vê com naturalidade uma aliança com legendas que vão da centro-direita a esquerda no espectro político. "Foi assim redemocratizamos o Brasil lá atrás e assim que governamos o Ceará com grande êxito. Todos esses partidos são aliados no Ceará, o que dá grande naturalidade nesse diálogo para mim".

Mais cedo, durante a apresentação a empresários do setor de máquinas, Ciro disse que trabalha por uma aliança que lhe dê, na Câmara, 250 deputados. "Se vou ter sucesso ou não, vamos ver.
Eu estou, com minhas unhas, meu charme, tentando chegar lá".

(Marcelo Osakabe).