A comissão provisória do MDB mineiro, que assumiu o comando da legenda após a destituição do vice-governador Antônio Andrade, se reuniu pela primeira vez ontem para discutir os rumos do partido. Apesar de não descartarem a possibilidade de uma candidatura própria do MDB ao governo de Minas, a chance de um voo solo dos emedebistas pelo Palácio da Liberdade perdeu força. Os sete deputados (três federais e quatro estaduais) que formam a comissão pretendem se reunir com todos os pré-candidatos nos próximos dias para avaliar possíveis coligações para a eleição.
“Estou convicto de que sairemos com chapa muito bem amarrada até a data-limite. Vamos conversar, por exemplo, com o deputado Rodrigo Pacheco, e queremos saber: qual é a relação de nomes que seu partido tem para deputados estaduais e federais? Até agora, os partidos estão escondendo isso”, afirmou Saraiva.
Ao lado dos parlamentares que compõem a comissão, Saraiva rebateu críticas feitas pelo vice-governador Antônio Andrade, que afirmou que a movimentação dos parlamentares para destituí-lo do diretório foi um “golpe” e uma “fraude”. Ele considerou as críticas de correligionários que foram contra a derrubada do vice-governador “levianas” e “injustas”.
“Estabelecemos a data limite de 15 de julho para que ele nos apresentasse uma relação com coligações viáveis, que assegurassem o crescimento do partido. Ele nos pediu paciência, mas o tempo era muito curto. Foi uma questão de sobrevivência, não só dos mandatos dos parlamentares, mas também do próprio partido. Teríamos uma candidatura própria que não conseguiria consolidar em torno dela nenhuma força”, afirmou Saraiva.
O parlamentar afirmou que a partir da renúncia da maioria dos delegados do diretório, não havia outra solução que não fosse a dissolução do próprio diretório e formação de novo comando. “No momento, o PMDB de Minas não existe. Ele passa a existir a partir da nomeação dessa comissão”, disse Saraiva. Outra justificativa para a destituição de Andrade, segundo Saraiva, foi a necessidade de a bancada do partido, no mínimo, manter suas cadeiras: “O tempo de televisão, os recursos do fundo partidário, os recursos do fundo eleitoral, tudo isso depende dos votos conseguidos pela bancada”, afirmou.
VICE-GOVERNADOR Ontem, por meio de nota, o vice-governador atacou os parlamentares que o destituíram do comando do diretório estadual do MDB. Segundo Andrade, a movimentação dos deputados teve como objetivo uma união ao PT e prometeu brigar na Justiça para reverter a decisão que o retirou do cargo.
“A trama ardil autoritária e antidemocrática perpetrada no dia de ontem expõe os interesses escusos, fisiológicos e pessoais daqueles que o cometeram: obter vantagens nas eleições de outubro, mesmo que para isso tenham que se unir ao PT, responsável pela trágica gestão à frente do governo do estado, ignorando totalmente o desejo da militância”, afirmou Andrade.
Membro da comissão provisória, o deputado estadual Tadeu Leite avaliou que a coligação com o PT é uma possibilidade, mas que será discutida nos próximos dias. “A partir de agora, a nova direção vai começar a discutir com outras legendas a possibilidade de fazer coligações. Praticamente todos os partidos nos procuraram em busca de diálogo. O MDB continua com intenção de candidatura própria, mas obviamente trazendo outros partidos para saber qual é o melhor cenário para Minas Gerais”, disse Tadeu.