Preso há 100 dias na sede da Polícia Federal, em Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que é candidato a voltar ao Palácio do Planalto porque não cometeu nenhum crime. “Querem me derrotar? Façam isso de forma limpa, nas urnas. Discutam propostas para o país e tenham responsabilidade, ainda mais neste momento em que as elites brasileiras namoram propostas autoritárias de gente que defende a céu aberto assassinato de seres humanos”, desafiou.
O petista falou da proibição pela Justiça de dar entrevistas e gravar vídeos para o PT que, segundo ele, é uma tentativa de calar sua voz. “Parece que não bastou me prender. Querem me calar”, disse.
Lula disse que temem que ele fale sobre o que está acontecendo no país. “Lembro-me da presidente do Supremo Tribunal Federal que dizia "cala boca já morreu"”, afirmou.
O artigo em que Lula fala sobre os 100 dias de prisão foi publicado nesta quinta-feira pela Folha de São Paulo e reproduzido no site do petista e em suas redes sociais.
Lula disse que o Brasil precisa “restaurar sua democracia” e “se libertar dos ódios” que, segundo ele, plantaram para tirar o PT do governo.
Ele diz estar fisicamente preso em uma cela, mas que os que o condenaram estariam “presos à mentira que armaram”. “Interesses poderosos querem transformar essa situação absurda em um fato político consumado, me impedindo de disputar as eleições, contra a recomendação do Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas”, afirmou.
Mais uma vez, Lula afirma que não ficou comprovada sua culpa no caso do Triplex do Guarujá pelo qual foi condenado pelo Tribunal Regional Federal (TRF4). Ele lembra as três derrotas eleitorais que sofreu em disputas presidenciais, em 1989, 1994 e 1998, e afirma que sempre respeitou, se preparando para a próxima eleição.