Oficializado como candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes faz movimentos para se aproximar da esquerda, após perder apoio do centrão. O blocão — formado pelo DEM, Solidariedade, PP, PRB e PR — fechou com Geraldo Alckmin (PSDB), deixando a briga pelo PSB ainda mais acirrada. Com um discurso que celebra as opiniões diferentes e ataca os “privilégios”, Ciro luta para conquistar aliados e romper o isolamento.
A convenção nacional do partido ocorreu ontem, em Brasília. Ao lado da família, o pedetista defendeu acabar com o ódio entre os brasileiros, principalmente a troca de insultos na internet. “Vamos promover um debate fraterno que, basicamente, começa por respeitar as diferenças. Acabar com essa ideia de brasileiro contra brasileiro, se ferindo pela internet. Porque é tão grave e complexa a situação, que precisamos de todas as ideias, porque ninguém é dono da verdade”, afirmou. E completou, sem citar nomes de outros pré-candidatos: “Alguns estão com simplificações grosseiras e frases de efeito prontas”.
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Na oficialização de sua candidatura, Ciro Gomes diz que Brasil precisa mudarPDT lança candidatura de Ciro Gomes a presidenteCid Gomes diz que Ciro continuará sendo 'do jeito que ele é'Ciro diz discordar da estratégia do PT de manter candidatura de Lula até o fimConcurso público no Ceará tem pergunta sobre família de Ciro Gomes'Vamos ver o que escapa para mim desse balé', diz Ciro sobre aliançasNorte e Nordeste lideram ranking de crimes eleitorais no paísPresidenciáveis criam roteiro de viagem em busca do votoSem o centrão, a tendência é de que Ciro se aproxime do PSB, partido no qual tenta fechar aliança desde o início da pré-candidatura. Uma eventual coalizão aumentaria o tempo de televisão e o fundo eleitoral do pedetista.
Presidente do partido, Carlos Lupi (SP) também discursou a favor do presidenciável, antes do primeiro discurso de Ciro como candidato. Após cantarem o hino nacional e o hino da independência, Lupi falou sobre a importância de continuar o trabalho no partido de Leonel Brizola, político exilado durante a ditadura militar, e elogiou o trabalho do candidato. “A maior crítica dos outros é de que Ciro é duro com as palavras, mas esse é um país que precisa de gente com coragem e ousadia”, acrescentou.
Análise
O cientista político Pedro Fassoni Arruda, professor da PUC de São Paulo, diz que a movimentação de Ciro é a última opção para que ele consiga musculatura suficiente para competir com os grandes. “Ciro é o candidato de um partido que não é muito grande, tem uma bancada menor que os concorrentes. Procura ganhar musculatura para competir com os grandes, mas precisa de capilaridade. Negociou com DEM, PRB, PTB e acabou isolado.
Fassoni acredita que o PSB e o PCdoB serão as próximas apostas do pedetista. “Diante de um cenário polarizado, o PSol apoiaria Ciro no segundo turno. Não existe nenhuma possibilidade de aliança no primeiro, e Ciro precisa conseguir tempo e dinheiro. Por isso, tem que negociar. O anúncio da candidatura envia um sinal para os partidos da esquerda de que ele quer se viabilizar.”
O cientista político Ivan Ervolino lembra que a campanha começará em agosto, será curta e sem dinheiro. “Estão todos avaliando e reavaliando o que fazer nesse momento. Ciro não tem muito mais para onde ir e, como as leis mudaram, o jeito de fazer campanha mudou. Ainda temos muitos candidatos colocados à mesa. Daqui para frente, Ciro deve acompanhar as movimentações diariamente e tentar ficar mais bem posicionado para sair na frente.”.