Jornal Estado de Minas

Eleições 2018

Josué Gomes é cobiçado por petistas e tucanos


No primeiro round da batalha entre tucanos e petistas pelo passe do empresário mineiro Josué Alencar (PR), filho do ex-vice-presidente da República José Alencar Gomes da Silva, o resultado não foi bom para o PSDB. O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), pré-candidato à Presidência da República, não ouviu o que gostaria no primeiro encontro que manteve ontem com Josué, indicado pelo centrão – grupo formado pelo DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade no jogo da sucessão presidencial – para ser vice na chapa da disputa ao Planalto.

Ao contrário do que esperava o tucano, Josué foi reticente, disse que possivelmente acrescentaria pouco à campanha já que, em Minas, Alckmin tem o apoio do senador e pré-candidato ao governo Antonio Anastasia (PSDB). Por fim, o empresário, sem fechar a porta, disse que iria refletir e consultar a família, deixando, contudo, Alckmin à vontade para convidar outra pessoa para compor a chapa.

Hoje, é a vez do governador Fernando Pimentel (PT), pré-candidato à reeleição, se reunir com Josué para convidá-lo para compor a sua chapa ao governo de Minas. Pimentel também irá lhe apresentar a possibilidade de concorrer ao Senado Federal.

Num contexto de rejeição à política, Josué surge como o parceiro ideal. Além de injetar “sangue novo” nas chapas tradicionais, ele tem potencial eleitoral demonstrado quando, nas eleições de 2014, concorreu pela primeira vez ao Senado, conquistando a expressiva votação de pouco mais de 3 milhões e 600 mil votos.

Até abril filiado ao MDB, à véspera do prazo final para que candidatos mudassem de legendas, Josué migrou para o PR, ao mesmo tempo em que a ex-presidente Dilma Rousseff transferiu o seu domicílio eleitoral do Rio Grande do Sul para Minas Gerais. Os dois movimentos foram articulados pelo ex-presidente Lula, pré-candidato do PT ao Planalto, que, embora preso, continua liderando as pesquisas de intenção de voto e apresenta potencial para, como eventual cabo eleitoral, empurrar um candidato ao segundo turno da disputa.

Lula imaginou que com Josué fora do MDB – legenda comprometida com a pré-candidatura de Henrique Meirelles ao Planalto – abriria mais possibilidades de articulação ao PT. Quando Josué se filiou ao PR, a direção nacional da legenda sinalizou que dificilmente caminharia com o PT no plano nacional. Mas em Minas Gerais a possibilidade ficou em aberto.
Embora integre o centrão, que aderiu a Alckmin, nos estados o PR liberou as bancadas e diretórios para buscarem o caminho que abra maior chance de eleição de bancadas federais fortes.

Como o seu pai, José Alencar, Josué tem grande proximidade com Lula: nutre afeição e mantém lealdade ao ex-presidente da República. Sempre cortês, como o seu pai, Josué até agora mantém diálogo com todos, sem recusas abruptas. Ele estava em viagem ao exterior quando recebeu na semana passada a informação de que havia sido indicado pelas siglas do centrão para ser vice na chapa de Alckmin. Em nota à imprensa, Josué não disse sim, mas tampouco disse não. “De minha parte, creio firmemente que uma coligação deva estar baseada em programas e ideias que projetem os rumos a serem seguidos pelo Brasil. Recebi com responsabilidade essa possível indicação. Agradeço a confiança que as lideranças depositam em meu nome.
No meu retorno, procurarei inteirar-me dos encaminhamentos feitos pelos partidos, para que possa tomar uma decisão”, informou a nota. Hoje, Josué se sentará com Fernando Pimentel. Entre aliados do petista em Minas, há quem aposte que ele aceitará concorrer ao Senado.

 

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