A união entre o PSDB e o Centrão — bloco formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade — deve garantir preciosos minutos a Geraldo Alckmin no horário eleitoral no rádio e na televisão, mas não palanques. Desde as costuras para a formação da aliança, os tucanos foram alertados sobre a autonomia das campanhas estaduais. Em pelo menos metade das 27 unidades da Federação, é possível que a coligação em âmbito federal dê espaço para disputas entre candidatos apoiados pelos tucanos ou por políticos do blocão. O impacto disso pode limitar e enfraquecer os palanques de Alckmin nos estados.
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Centrão cobra participação na campanha de AlckminAlckmin rebate Bolsonaro: 'tentou apoio do Centrão, não conseguiu e fala mal'Pré-candidatos criticam acordo de Geraldo Alckmin com o CentrãoMesmo em São Paulo, reduto eleitoral de Alckmin, a aliança nacional também se mostra dividida.
Boa parte da bancada do PR no Congresso prefere o apoio a Jair Bolsonaro, do PSL, do que Alckmin. A exemplo do senador Magno Malta (ES), vice-líder da legenda na Casa, que foi cotado a ser vice na chapa com o presidenciável. O efeito prático disso pode ser a ausência de parlamentares nos palanques com o tucano.
Entraves
A fragmentação da aliança nos estados é disseminada entre as regiões. Mas o Nordeste promete ser o verdadeiro problema para os tucanos. O cenário traçado na maioria dos estados aponta para apoio de partidos do Centrão ao PT, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ou ao PDT, de Ciro Gomes, ou ao PCdoB, de Manuela D’Ávila, no Maranhão.
Na Bahia, por exemplo, PP e PR vão apoiar o governador petista, Rui Costa, à reeleição. O líder do PR na Câmara, deputado José Rocha, é filiado à legenda no estado e reconhece a falta de sintonia do Centrão nas campanhas estaduais, mas não acredita que a campanha de Alckmin sofrerá grandes turbulências.
Para garantir maior presença no Nordeste, o PSDB almeja lançar uma candidatura em Pernambuco, para se somar à do Ceará, do pré-candidato general Guilherme Teophilo. A ideia seria abandonar a candidatura do senador Armando Monteiro (PTB), diz o deputado Betinho Gomes (PSDB-PE), primeiro vice-líder da legenda na Câmara. “Havia uma sinalização de Armando apoiar Lula e isso deixou o PSDB um pouco constrangido. Mas ele já fez movimentos ao contrário, de que pode apoiar Geraldo. Vamos ver como a equação fica. Não tem rompimento, mas há um desconforto neste instante”, afirmou.
A fragmentação entre PSDB e o Centrão nos estados, no entanto, não incomoda Gomes. Para ele, os minutos na propaganda eleitoral gratuita que a aliança a nível nacional garantirão serão suficientes para desconstruir a narrativa da esquerda e emplacar as propostas tucanas para o país.
O esfacelamento da união nos estados, por sua vez, não é de todo ruim. Pode evitar que a campanha tucana, já composta de caciques investigados por corrupção, se desgaste ainda mais caso se envolva com algum candidato enrolado na Lava-Jato. Na balança eleitoral do Centrão, no entanto, são fatores como esses que podem colocar em xeque a capacidade dos minutos de televisão em alavancar a campanha tucana, adverte o cientista político Paulo Calmon, professor da Universidade de Brasília (UnB). “A população vive um momento único na história recente do país no que tange ao sistema eleitoral e aos políticos. Teremos uma eleição com características próprias. Achar que o mecanismo da propaganda eleitoral terá esse poder todo é um pretexto forte”, ponderou..